Para ajudar o leitor a compreender isto, deixe-me usar uma ilustração. Vamos supor que alguém comprou para você uma passagem para a próxima Copa do Mundo. Ele pagou a tarifa aérea. Comprou entradas para todos os jogos. Arrumou para você um hotel e toda a sua comida grátis. Até mesmo forneceu a você um dinheiro extra para usar em seu próprio prazer e diversão. Naturalmente, você iria agradecê-lo e dizer-lhe o quanto apreciou este magnífico presente. Você poderia até mesmo escrever-lhe uma carta para fazê-lo saber o quão realmente grato você está. Mas vamos supor que, quando chega a hora de ir para a Copa, você não vai. Você está muito ocupado com o seu jardim ou com seu hobby, não faz um esforço para entrar naquele avião e ir. O que isto iria mostrar? Iria indicar que você realmente não apreciou o presente. Mesmo que tivesse agido como se fosse importante para você, na verdade não era. Você tratou o presente como uma coisa ordinária, comum, sem nenhum valor especial. Você insultou seu amigo e pisoteou seu presente. Então, quando ele vier visitar você para saber como você aproveitou a Copa, o que você vai dizer? Ele aceitará o bilhete de volta como uma desculpa por você não ter ido? O fato de ter comprado a passagem para você com grande despesa pessoal e sacrifício iria gerar perdão em seu coração por sua negligência? Nunca.
Agora, Nosso Deus nos proporcionou uma oportunidade indescritível. Com o seu próprio sangue, comprou para nós a possibilidade de compartilhar de tudo o que Ele é. Este é o presente mais valioso que alguém pode dar, pago pelo mais alto preço. O Deus do Universo abriu o caminho para nós, pequenos e insignificantes seres humanos, para crescer até a Sua plenitude.
Mas vamos supor que não crescemos. Vamos imaginar que há uns poucos cristãos que estão negligenciando o tirar proveito deste grande presente. Em vez disso, estão vivendo por eles mesmos, e servindo os apetites da carne. Talvez eles freqüentem a Igreja regularmente. Talvez eles não tenham pecados “indecentes” evidentes em suas vidas. Mas, eles não estão sendo empurrados para Cristo e sendo transformados à Sua imagem. Estão interessados em coisas terrenas e então não progridem espiritualmente. Quando Jesus voltar, estas pessoas serão capazes de “pleitear o sangue” para desculpar-se por seu estilo de vida carnal? Diante do Trono do Julgamento, Deus aceitará o sangue precioso que comprou-lhes o direito de entrar como desculpa para que eles não entrem? Claro que não. Não escaparemos de Seu julgamento “se negligenciarmos tão grande salvação” (Heb 2:3).
Quem quer que abuse da graça de Deus para viver por si mesmo esperando que Seu sangue o cubra por fazer isso, se surpreenderá diante do Trono de Julgamento. A “Era da Graça” já terá acabado. A oportunidade para arrependimento e perdão agora é passada. Então, o trono da graça será substituído pelo trono do julgamento. Lá responderemos pelo que fizemos com a graça e o perdão que estavam disponíveis para nós. “Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, profanou (tratou com pouco valor) o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça? Pois conhecemos Aquele que disse: ‘A mim pertence a vingança; eu retribuirei.’ E outra vez,: ‘O Senhor julgará o Seu povo’. Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” (Heb 10:29-31) (Veja também Heb 6:4-8).
Vamos também rever Heb 10: 26,27: “Porque se pecarmos deliberadamente, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador, prestes a consumir os adversários.” Este versículo não é direcionado para o cristão que tropeça de vez em quando e peca, mesmo sabendo que está errado. “Pecando deliberadamente” aqui está se referindo a pecado persistente, sem arrependimento. Está falando sobre o mesmo assunto que estamos discutindo. Veja, se você tenta ludibriar a Deus e usa o sangue precioso de Seu Filho como desculpa para entrar no Seu plano eterno, o resultado é “terrível julgamento” e “fogo consumidor”. De Deus, na verdade, não se zomba, pois “daquilo que semearmos, também colheremos” (Gal 6:7-8).
Queridos amigos, estas são sérias considerações, com conseqüências eternas. Que Deus possa nos dar toda a abundante graça que Ele tem para nos dar–uma salvação completa–para que não sejamos envergonhados diante Dele em Sua vinda.