Sacerdotes...

domingo, 8 de novembro de 2009

Quando, no século XVI, Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta daquele templo, acabava de iniciar o movimento que hoje conhecemos por “Reforma.” Sua intenção foi a de expor os erros da Igreja a trazê-la volta a Deus. Naqueles dias grande parte da revelação divina havia sido perdida. Muitos aspectos elementares da vida espiritual, tais como a salvação pela fé, hoje considerados certos e indiscutíveis, eram então desconhecidos. Deus, naquela época, usou Lutero para mostrar que o Cristianismo seguia por um caminho errado, contrário à Sua vontade. No entanto, muitos enganos e desvios do cristianismo não chegaram a ser notados por esse irmão e, à medida que passaram os séculos, Deus continuou a revelar outras verdades esquecidas, como, por exemplo, o uso e função dos dons espirituais e o verdadeiro significado da adoração e da santificação. O que se pode notar é que, desde o tempo de Lutero, tem havido um contínuo aumento das revelações divinas para o Seu povo.

Mas essa evolução ainda não terminou e prosseguirá até que Cristo venha em Sua glória. Por essa razão, devemos estar sempre prontos para receber a orientação de Deus e agir de acordo com o que Ele atualmente estiver nos revelando. A exposição que passo a fazer representa parte do que, segundo penso, Deus deseja restaurar nestes dias. Em verdade, não chega a ser algo de “novo.” Tampouco é minha própria e independente revelação. São aspectos compreendidos por muitos cristãos sinceros por pelo menos um século. Não obstante, como veremos, as tendências naturais do homem tornam tais verdades difíceis de praticar e preservar.

Desde o princípio os desejos de Deus para o homem são os mesmos. Ele anseia continuamente andar conosco em intimidade e doce comunhão. Era esse o Seu propósito ao criar Adão e ao chamar para Si os filhos de Israel e, por certo, é o seu desígnio hoje em relação à Igreja. Esse desejo amoroso tem em mira não só o corpo como um todo, mas também cada um de nós individualmente. A intenção de Deus é estabelecer conosco um relacionamento íntimo, o qual transformará nossa natureza e caráter, para serem como os Seus.

No início Deus trabalhou apenas com indivíduos, como Noé, Sete e Enoque. Posteriormente é-nos apresentada a idéia de “povo de Deus”, ao lermos a respeito de Moisés e dos Israelitas no deserto. Mas mesmo naquela época Ele não buscava apenas uma multidão de adeptos religiosos. Ao contrário, o que desejava ardentemente era um relacionamento pessoal e íntimo com cada um.

Já no começo, cerca de três meses após a saída do Egito, Deus falou a Moisés com relação aos Israelitas. Revelou sua intenção original e mais sublime para com eles. Disse Ele: “vós me sereis reino de sacerdotes...” (Ex. 19:6). Essa declaração demonstra o tipo de relacionamento que Deus pretende ter com cada um de nós. Ele planejou uma intimidade que os qualificaria a estarem em pé em Sua presença e a desempenharem as funções sacerdotais. Entre elas incluía-se o ministrar a Ele em adoração e intercessão e, a seguir, ministrar a outras pessoas, a partir do que fluísse de Sua presença durante aqueles momentos. Seu plano não era simplesmente que aprendessem a seu respeito e, depois, se envolvessem periodicamente com algumas atividades religiosas. Nosso Deus desejava intensamente que seu povo o conhecesse e se relacionasse com Ele pessoal e intimamente.

Entretanto, é claro que os filhos de Israel fracassaram, não entrando nesse relacionamento com Deus. Quando Ele começou a aproximar-Se e a revelar-lhes Sua santidade no monte Sinai, afastaram-se Dele e transferiram a incumbência a um único homem, dizendo a Moisés: “Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos” (Ex. 20:19). “...O povo estava de longe em pé; Moisés, porém, se chegou à nuvem escura, onde Deus estava” (v. 21). O coração daquelas pessoas não estava correto para com Deus, e, por isso, quando Ele passou a falar-lhes, não puderam suportar. Exatamente naquele instante, abandonaram o nobre chamamento que Deus lhes fizera e estavam satisfeitos em deixar que outro indivíduo se relacionasse com Deus em seu favor. Em vez de se arrependerem, depois de ouvirem as palavras sobre a justiça divina, e de permitirem que os limpasse, decidiram aumentar ainda mais a distância entre eles e Deus e acabaram por colocar um mediador que arcasse com toda a responsabilidade em seu benefício.

Esse afastamento do ideal divino logo produziu seus frutos. Enquanto Moisés gastava tempo na presença de Deus, o povo foi seduzido pelas próprias paixões. O relacionamento pessoal com o Criador era tão limitado, que logo estavam duvidando de Sua existência e de Sua capacidade para cumprir promessas feitas. A solução encontrada foi criar para si mesmos um deus impessoal, profano e de fácil manipulação - um deus que não os amedrontasse e cuja presença não exigisse algo que não conseguiam praticar. A essa ponto, Deus os abandonou quase totalmente e tornaram-se inaptos para andar de acordo com a Sua intenção original (Ex 32:9-10).

É provável que, por não haver o coração do povo em geral correspondido à Sua vontade, tenha Ele designado um grupo especial de sacerdotes. Talvez a tribo de Levi tenha sido escolhida porque estava pronta para ouvi-Lo, ao menos até certo ponto, bem como para executar Seus julgamentos (Ex 32:28). Vemos, portanto, que com a ordenação de um sacerdócio especial, para se aproximar de Deus pelo povo, a maioria da assembléia perdeu o privilégio de se tornar aquilo que seu Criador desejava que fosse. O sacerdócio levítico transformou-se numa espécie de obstáculo ou barreira, destinado a fazer Deus parecer mais remoto, de modo que se sentissem mais à vontade.

Uma descrição semelhante é encontrada no livro de I Samuel. Os filhos de Israel nunca haviam tido um rei até então. O pensamento de Deus era que fossem únicos entre os povos - um povo governado exclusivamente pelo Deus poderoso e invisível. Eles, contudo, rebelaram-se contra tal proposta. Para se adaptarem a essa forma de governo, era necessário que cada um deles mantivesse um relacionamento pessoal com Ele. Isso não era fácil, principalmente para o homem natural. Portanto, aquelas pessoas uma vez mais rejeitaram os objetivos divinos e insistiram em ter um rei terreno. Desejavam por um líder palpável - um humano que pudessem enxergar, alguém que assumisse a responsabilidade de guiá-los, alguém que se colocasse entre eles e Deus. Samuel foi totalmente contrário a essa outra proposta. Mas Deus o confortou, dizendo: “Não se rejeitaram a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre eles” (I Sm. 8:7).

Esse episódio nos traz para a situação de hoje. Não é de se espantar que haja grandes semelhanças entre os cristãos e o povo de Deus do Velho Testamento. A história da Igreja informa que, logo após a partida dos apóstolos, os líderes das igrejas começaram a obter um destaque cada vez maior. Bispos passaram a estender sua autoridade para além de uma cidade, por fim “cobrindo” regiões inteiras. Mais e mais ênfase foi colocada em posições religiosas e sobre a necessidade de submissão àqueles que as ocupavam. Essa tendência continuou através dos séculos até atingir seu apogeu com o aparecimento de chefes supremos, “infalíveis”. Pouco depois, as Escrituras foram completamente arrancadas das mãos das pessoas e essa inclinação por um intermediário, sobre a qual estamos comentando, chegou à sua expressão mais intensa. Tal avanço não deveria nos surpreender e, a menos que se faça um esforço conjunto contra essa tendência humana e natural, todos os movimentos cristãos se deixam levar para essa direção.

Atualmente, embora o protestantismo tenha feito algum progresso, libertando-se da escravidão, das trevas e da idolatria encontradas no sistema do qual saiu, infelizmente ainda conserva alguns de seus erros. A despeito de as Escrituras ensinarem o sacerdócio de todos os cristãos (I Pe 2:5,9), a maior parte do moderno cristianismo o nega na prática. O que vemos em grande parte hoje nas igrejas é o ministério de apenas um ou, quem sabe, de uns poucos indivíduos escolhidos, ao passo que a maioria permanece como passiva observadora.
Compreende-se perfeitamente o fato de geralmente não rotularem de “sacerdócio” a condição reinante entre os grupos cristãos. Seria um termo manifestamente anti-bíblico. Em substituição, temos outros títulos, tais como os de pastor, reverendo ou ministro. Contudo, a função dessas pessoas é, normalmente, quase igual ao serviço desempenhado pelo sacerdote levita. São eles que “ouvem de Deus,” transmitem a maior parte dos ensinamentos e do aconselhamento, cuidam da organização etc. É lamentável, mas a verdade é que em muitos casos o “pregador” é obrigado a fazer quase tudo.

Já que essa é a situação predominante nos grupos cristãos hoje em dia e, ao que parece, universalmente aceita, muitos, talvez, perguntarão admirados o que haveria de errado em tudo isso. Para chegarmos à resposta, devemos, primeiramente, abandonar nosso gosto e concepção pessoais e ter uma reverência genuína pelos interesses e objetivos divinos. Se o homem fosse a única parte em jogo nessa situação, nossa discussão não precisaria ser levada tão a sério. Acontece que estamos aqui procurando entender e satisfazer as exigências de Deus e, por essa razão, devemos abordar o assunto com acatamento e temor. Mas isso não é tudo. Deveria estar patente para nós que Suas intenções visam, também, ao nosso próprio bem. Em verdade, quanto mais enxergarmos a vontade de Deus, mais perceberemos que Suas diretrizes e exigências não objetivam apenas Sua própria conveniência mas, destinam-se, igualmente, ao nosso eterno benefício.

O plano de Deus para a Igreja é duplo. Primeiro, Ele nos instruiu a levar as boas-novas até aos confins da terra. Em segundo lugar, quer que sejamos transformados na Sua imagem. Pois bem, se formos cumprir essas instruções total e eficazmente para atingir tais objetivos, precisaremos antes ser pessoas íntimas de Deus! Cada um de nós tem de entrar num relacionamento próximo e pessoal com o Criador e preservá-lo. Todos fomos convocados para ser sacerdotes. Desse relacionamento, então, brotará o ministério sacerdotal, permitindo que os desígnios de Deus sejam atingidos.

Jamais deveríamos depender de líderes ou de indivíduos dotados, para darem conta de tudo. Não deveríamos apoiar-nos em organizações internacionais, nem em animadas campanhas. Todos nós arcamos com uma parte dessa responsabilidade. A verdade é que se não estivermos ativamente engajados no trabalho de ministrar aos outros, quer pela pregação do evangelho, quer pelo exercício de nossos talentos espirituais, já caímos no erro. Deus espera que cada um de Seu povo esteja empenhado em seu trabalho. Somos todos ministros e todos fomos chamados e ordenados por ele para realizar um trabalho do serviço sacerdotal até a sua volta (Jo. 15:16).

Quando Jesus Cristo ascendeu ao Pai, deu dons à sua Igreja. Esses talentos ou dons espirituais não foram só a uns poucos escolhidos, mas a todos (I Co. 12:7). Cada função e cada parte é vital, à semelhança do que acontece com nossos diferentes órgãos e membros. Quando uma parte aparentemente pequena ou insignificante não está funcionando normalmente, todo o resto sofre. Dá-se o mesmo com a Igreja hoje. Quando todo o trabalho é feito pelos superdotados, talentosos ou treinados, existe uma grande perda para o Corpo de Cristo e para Deus. Deveríamos nos interessar seriamente por essa verdade. Pouco importa o que você pensa de si mesmo ou de suas habilidades espirituais. Também não têm importância as diferenças existentes entre você e os demais. Mesmo aqueles que possuem um só talento são e serão solicitados por Deus a usá-lo ao máximo (Mt. 25:14-30). Se nos acovardarmos, comparando-nos com outros, ou se ficarmos temerosos e não fizermos nada, teremos de prestar contas um dia ao nosso Criador. Temos, é certo, o privilégio, mas também a séria responsabilidade de descobrir diante de Deus a que trabalho Ele nos chamou a realizar, para então começar-nos a aprender pelo Espírito Santo a nos exercitar na função que nos foi confiada.

Sem esse tipo de ministério, não cresceremos adequadamente. Sim, talvez obtenhamos algum progresso-principalmente no início - mas, para que de fato atinjamos a maturidade, nós mesmos precisamos começar a ministrar. A medida que dermos, mais nos será dado. Trata-se de uma lei espiritual. Se somos meros recebedores - semana após semana escutando de outros que gastaram seu tempo na presença de Deus - nosso conhecimento provavelmente aumentará, mas nossas vidas não serão mudadas. Essa é a infeliz condição de muitos e muitos na Igreja de hoje. Temos nossos “super-astros,” talvez famosos e ocupados dia e noite, mas temos igualmente a “maioria passiva” a depender de outros para a realização do trabalho.

As conseqüências danosas desse fenômeno às vezes não estão evidentes à primeira vista, principalmente numa organização “bem lubrificada;” contudo, elas estão ali ocultas. Um sem número de reuniões cristãs estão repletas de bebês espirituais superalimentados que permanecem inativos. Eles vêm semanalmente para receber e imaginam que, porque ouvem uma boa mensagem, estão bem com Deus. Não raras vezes, entretanto, tais indivíduos ainda possuem pecados escondidos e sérios desvios de caráter. Ao procurarmos servir aos outros, essas falhas ficam expostas. Quando começamos a ministrar, percebemos o quanto nossas vidas precisam de transformação e isso nos estimula a buscar o Senhor para nos libertar. Se desejamos verdadeiramente avançar em direção à maturidade, é essencial que todos nos tornemos sacerdotes–sacerdotes que estejam exercendo suas funções na casa de Deus.

O ministério espiritual não tem como finalidade apenas o nosso crescimento, mas também o progresso dos demais. Não importa quais sejam as suas funções espirituais no corpo, existem sempre pessoas que precisam do que você tem. Quer seja uma pequena ou grande porção, é absolutamente indispensável. Em algum lugar, entre os cristãos que você conhece ou no mundo à sua volta, existem pessoas para as quais sua porção é muito importante. Por exemplo, os cristãos com quem você se relaciona podem estar buscando aquela porção específica de discernimento espiritual que você possui. É possível que muitos que você conhece estejam sofrendo porque você não reservou em tempo para orar por libertação, nem deu atenção às suas necessidades. É sempre mais fácil criticar ou fazer fofocas, do que orar ou auxiliar.

Sua porção é certamente essencial para o crescimento e bem estar espiritual dos outros. Deus a entregou a você por causa deles, sendo, portanto, importante exercitá-la. Em Sua sabedoria, nosso Pai construiu a Igreja de tal sorte que cada membro depende dos demais. Assim sendo, para que “todos cheguemos” à maturidade (Ef. 4:13), a colaboração de cada parte é indispensável.

A esta altura, alguém perguntaria: “qual é o papel dos líderes?” Sem dúvida a liderança tem base nos ensinamentos bíblicos e é necessária para uma condição saudável da igreja. Muitas vezes, entretanto, é também mal compreendida. O papel do líder é liderar. Isso não significa dominar ou controlar os outros, mas sim tomar a dianteira e avançar! Os demais irão notá-lo e segui-lo. As palavras “presidir” e “guias” encontradas em I Tm 5:17 e Hb. 13:7, 17 e 24, da tradução de Almeida, talvez tenham sido a fonte de muitos mal-entendidos. Estas palavras vêm do grego PROESTEMI e deveriam ser traduzidas como “posicionar-se antes” ou “preceder”. O encargo de um verdadeiro líder não é o de dirigir a igreja, mas sim o de auxiliar os outros a cumprirem o seu ministério, crescendo em tudo o que Deus lhes preparou. Tais líderes são facilmente reconhecíveis, pois sempre terão como prioridade os interesses e o progresso espiritual dos outros. “Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” (Lc. 22:25-26).

Os líderes que estão apenas alimentando a si mesmos (edificando seu próprio ministério, forrando seu próprio ninho financeiro etc.) e, como conseqüência, mantendo passivos aqueles que estão sob seus cuidados, enfrentarão o julgamento divino. Os que se exaltam e impedem o progresso dos demais, objetivando a sua própria segurança e autoridade, enfrentarão juízo ainda mais severo. A verdadeira liderança sempre será levantada por Deus. Se for resultado apenas de instrução teológica, de designação para um cargo ou de ambição pessoal, por certo se constituirá num obstáculo para o progresso espiritual.

A organização religiosa e rígida pode também ser um empecilho para o cumprimento dos desejos de Deus. Dar conta de todas as tarefas ou manter as pessoas ativas não representa maturidade espiritual. Em verdade, até os que não crêem conseguem organizar com eficiência. A tarefa à mão não consiste em ter grandes prédios, ministérios “bem sucedidos” ou pessoas comparecendo às centenas. Tudo isso pode ser alcançado sem que a vontade de Deus tenha jamais sido atendida. Em Seu plano, a programação humana é substituída por ministérios espirituais, levantados por Ele em nosso meio. Planos futuros decorrem de sua orientação e a autoridade organizacional ou posicional é substituída pela verdadeira autoridade, que é espiritual. Quando fazemos as coisas à Sua maneira, as pessoas não são simplesmente encaixadas numa determinada tarefa a ser realizada. Por exemplo, precisamos de alguém que cuide das crianças ou que dê os avisos. Em lugar de solicitarmos voluntários, deveríamos agir de outro modo: o ministério de cada um é primeiramente descoberto, para depois serem incentivados naquela função específica.

Porém, se as reuniões cristãs que você freqüenta se desintegrassem por completo caso as coisas fossem feitas na forma mencionada, tal obra não chega a ser um trabalho realmente espiritual. Só pode ser uma organização humana, a qual não está cumprindo os propósitos divinos, mas apenas conformando-se aos padrões do cristianismo atual.

Talvez você esteja se reunindo com um grupo de cristãos onde inexiste qualquer encorajamento ou oportunidade para que você cresça em sua função. É provável que nesse grupo a experiência seja a de ter “um homem em evidência” ou de ter tudo tão organizado sem a orientação do Espírito que grande parte da vida divina já se foi. O seu talento pode estar sendo negligenciado, mal utilizado, ridicularizado ou desencorajado. Nada disso, contudo, poderá servir de desculpa à passividade. Quando você estiver diante do Rei, já não haverá ninguém mais para levar a culpa pelo descumprimento de suas funções sacerdotais.

Considerando que Deus o preparou e chamou, Ele também irá prover uma forma de você começar a servir. Por exemplo, você poderá orar em qualquer lugar, a toda hora. Você pode proporcionar ajuda material sem precisar de uma permissão “oficial.” Pode ensinar e aconselhar. Quando você realmente começar á agir na função para a qual Deus o designou, as portas se abrirão diante de você e as pessoas reconhecerão a mão divina em sua vida. Provavelmente tudo começará vagarosamente a princípio e poderá até parecer pequeno e insignificante (Zc. 4:10). Todavia, à medida que você exercitar os talentos que Deus lhe deu, fiel e diligentemente, estes crescerão e você igualmente crescerá.

A vontade de Deus é que sejamos para Ele reino de sacerdotes. Somos todos seus profetas (Ap. 1:5-6 e I Co. 14:1,31). Cada um de nós possui um ministério para ser desempenhado e serviços espirituais para realizar, os quais ninguém mais conseguirá levar a cabo da mesma forma que nós o faríamos. Quando aparecermos perante Ele, teremos de prestar contas de nossas obras (Ap. 2:23). Naquele dia, aquilo que realizamos testificará a nossa verdadeira condição espiritual. Não poderemos dizer que não conhecíamos as necessidades ou que não estávamos qualificados. Lembre-se que o mesmo Deus que operou poderosamente nos apóstolos e profetas vive também em cada um dos Seus filhos. Ele é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos se apenas O obedecermos. Precisamos encarar com seriedade essas considerações.

Pensemos em nossas próprias vidas e vejamos se somos trabalhadores realmente ativos para o nosso Rei ou somente passamos de passivos observadores. Teríamos acaso estabelecido uma distância “segura” entre nós e Deus e deixado que outros assumissem a responsabilidade em nosso lugar? Ou será que nos retraímos em decorrência do medo ou da incapacidade humana e permitimos que outros realizassem o trabalho? Em caso positivo, paremos por um momento e arrependamo-nos diante Dele. Entreguemos novamente toda a nossa vida a Deus. Digamos-lhe que, de agora em diante, estamos totalmente dispostos a nos tornar um vaso para o Seu serviço. Depois disso, à medida que Ele nos dirigir, cooperemos com Ele diligentemente em sua vinha.

A Verdadeira Cosagração

Deixe-me fazer uma pergunta: Tudo o que se reduz a cinzas não tem mais utilidade? Aos olhos dos homens é um desperdício, mas a Bíblia diz que o doce aroma dessa consagração sobe ao céu, e Deus sente o aroma dessa oferta queimada. Para o mundo é um grande desperdício. Somente Deus sente o aroma dessa maravilhosa consagração.

Consagração significa ser trabalhado por Deus. Consagração não é trabalhar para Deus. Consagração não é ir para o Amazonas pregar o evangelho. Consagração significa ser trabalhado por Deus. Somente depois que somos trabalhados por Deus podemos verdadeiramente trabalhar para Deus. Depois de Deus haver operado em nós já não somos mais um "boi vivo", fomos reduzidos a cinzas. Somos transformados a nada, assim poderemos ser enviados para o Amazonas.

Hoje vemos muitos "bois vivos" indo para o Amazonas e damos graças a Deus por eles, pois já que muitos estão indo, nossa consciência não nos incomoda. Mas esse não é o caminho de Deus. Isso não é consagração. O significado de consagração não é trabalhar para Deus. Antes de podermos trabalhar para Ele, nós mesmos precisamos ser trabalhados por Deus, precisamos ser transformados.

Que transformação é essa que acontece no altar? A transformação no altar é apenas uma: aos olhos das pessoas, somos reduzidos a zero. Antes éramos úteis para o mundo. Agora já não temos utilidade alguma para ele. Com relação ao mundo, estou crucificado. Com relação a mim mesmo, o mundo também está crucificado, não há qualquer esperança em mim. Isso é consagração!

Então irão dizer: "Mas que desperdício! Por que você resolveu fazer isso? Você poderia ser um grande diretor da IBM, General Motors ou da Volkswagen. Mas agora você se consagrou ao Senhor. Que desperdício!”.

Foi exatamente isso o que os discípulos de Jesus disseram: "Mas que desperdício! Por que foi derramado esse óleo de alabastro sobre Jesus?" Dentre aqueles discípulos estava Judas. Judas nunca chamou Jesus de Senhor. Já observou que durante toda a vida de Judas, ele sempre chamava o Senhor de Rabi? Ele nunca chamou o Senhor Jesus de Senhor. Judas quis dizer: "Ah, não derrame óleo sobre a cabeça dEle -- é um desperdício!". Ainda que alguém derramasse água sobre a cabeça de Jesus, Judas diria que era um desperdício.

Se conhecermos a preciosidade do nosso Senhor, nunca será um sacrifício consagrar-nos a Ele. É a nossa honra sermos reduzidos a cinzas. As pessoas não vêem, mas Deus sente esse aroma suave. Que coisa maravilhosa! Você está disposto a ser reduzido a cinzas? Poderá dizer: "mas não terei utilidade alguma, serei uma pessoa inútil". Não, de forma alguma! Lembre-se que nós também somos pó, areia. Não somos nada mais do que barro. Não temos nada a oferecer ao Senhor. Mas, de alguma forma, esse sacrifício está agora sobre o altar -- fomos reduzidos a cinzas.

Os Vasos Transparentes
Somente Deus pode usar a cinza. Ele sabe como usá-la. Somos simplesmente barro, simplesmente areia. Mas agora estamos no altar, fomos reduzidos a cinzas. Todavia, quando se mistura areia e cinza e depois coloca-se fogo nessa mistura, qual é o resultado? O resultado é o vidro. Da mistura do barro com a cinza surge um material transparente.

Na Nova Jerusalém tudo é transparente e a Bíblia diz que em frente ao trono há um mar de vidro -- uma linda água marinha . Você já viu uma água marinha? Se visitar Minas Gerais, procure ver uma água marinha. Aquela pequena pedra preciosa é como o mar. No Brasil não se encontram grandes rochas de água marinha mas, diante do trono de Deus sim! Diante de Seu trono nada é opaco, tudo é transparente.

Hoje não entendemos muitas das coisas que nos estão acontecendo. Perguntamos: "Mas por que eu? Por que isso está acontecendo comigo?" Você não entende. Muitas vezes a vontade de Deus é bastante opaca para nós, mas quando chegarmos diante do trono de Deus, quando formos arrebatados, quando estiver na presença de Deus, naquela hora entenderá porque você passou por determinadas dificuldades, porque passou por aqueles vales escuros. Naquela hora você entenderá porque diante do Trono de Deus tudo é transparente. Naquele momento conheceremos e entenderemos a vontade de Deus. "Oh, felizmente Deus nos fez sofrer daquela forma para que sofrimentos maiores pudessem ser evitados. Deus nunca cometeu um erro em nossa vida".

Hoje reclamamos muito, nos queixamos tanto porque nada é transparente para nós. Estamos às escuras, não conhecemos a vontade de Deus. Choramos, derramamos lágrimas, lágrimas de autopiedade. Mas tudo o que Deus tem feito conosco é sempre com o melhor propósito. É a nossa glória. Mas como nós sabemos disto? Quando chegamos no Trono de Deus, tudo vai estar claro. Se estamos debaixo do senhorio de Cristo, vamos descobrir que, diante do Trono de Deus, há um mar de vidro. Tudo é transparente.

Entende agora de que maneira a vontade de Deus pode ser transparente para nós? Significa que precisamos da obra de transformação. Com Deus, da mistura de cinzas e areia, surge algo transparente. É dessa forma que obtemos o vidro. Sempre que olhar para um pedaço de vidro, lembre-se de onde veio; uma parte é barro, outra de cinza.

Queremos conhecer a vontade de Deus, no entanto, apresentamos somente o barro, não temos nenhuma cinza no altar. Queremos ser vidro transparente, mas sem cinzas é impossível. Esse é o caminho da cruz. Passamos por essa transformação com um único propósito: para que essa mesma vontade se torne agradável e doce para nós; para que a vontade de Deus seja aceitável, não somente tolerável. Para algumas pessoas, às vezes, a vontade de Deus é tolerável. Mas a Bíblia diz que a vontade de Deus é agradável e perfeita .

Somente pela obra da cruz em nossas vidas as pessoas poderão ver a beleza que há dentro de nós. Paulo disse: Nós temos esse tesouro em vaso de barro . Você pode ver o tesouro em um vaso de barro? Não, só pode ver o vaso de barro, um vaso de barro é muito opaco. Como esse vaso pode ser tornar transparente? Apresente sua vida a Deus e deixe o Senhor transformá-la em cinzas. Então, misturando as cinzas com o barro, Deus vai nos transformar em um vidro transparente. A partir daí as pessoas começam a ver a beleza, começam a ver o tesouro que está em nós. Essa é a maravilhosa obra de Deus em nossa vida.

Vamos louvar ao Senhor por isso.

O Cristão e a Politica

A questão tem sido freqüentemente levantada, mas raramente respondida: Qual é, exatamente, o lugar que um crente deve ocupar na política ou na administração civil do país no qual ele vive?

O que é um político? No melhor sentido da palavra, um político é alguém que tem um considerável e constante interesse na comunidade na qual ele vive, nos negócios e nas pessoas que compõem essa comunidade. Ele louva os governantes quando fazem o que é correto e os condena quando não o fazem. Ele levanta a voz contra toda a injustiça, fraude, engano, corrupção e qualquer restrição à liberdade. Ele resiste ao mal até onde lhe permite a lei. Ele usa toda oportunidade para influenciar o governo e, se tem chance, trabalha pelo bem da humanidade. Ele almeja administrar os negócios de Estado de uma maneira justa e benevolente.

Como pode alguém definir o papel que um cristão deve desempenhar na política? Nosso apelo pode unicamente ser feito à Bíblia. Para o cristão, a Bíblia é a única fonte de autoridade e doutrina. Comecemos, antes de tudo, por tomar o exemplo deixado pelo nosso Senhor. Nós julgamos que o que Ele fez, foi e é, correto, e que aquilo que Ele não fez, ou é errado ou sem importância.

Em I Pe. 2:21, lemos que Cristo nos deixou exemplo para que sigamos as Suas pisadas. Em Jo. 8:29, Jesus diz:
"Faço sempre o que é do Seu agrado" (do Pai). Em Mt. 17:5, Deus, o Pai, diz: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a Ele ouvi". Destes versículos apreendemos:
1) Que Jesus fez somente o que agradava ao Pai;
2) Que o Pai se agradou de tudo o que Ele fez;
3) Que Jesus é o nosso exemplo.

Foi Jesus um político? Tomou Ele parte alguma no governo do Império Romano ou da nação de Israel? Proferiu Ele qualquer julgamento a qualquer pessoa ou medida? Posicionou-se Jesus ao lado de qualquer grupo político, oprimido ou não? Exerceu Ele qualquer espécie de função civil? A resposta a todas essas perguntas é um enfático,
"NÃO! ! !"

A Sua conduta foi exatamente o inverso da conduta normal de um político. A liberdade dos judeus se fora e Ele não fez coisa alguma para remediar a situação. Sua própria pátria e povo eram oprimidos pelo imperador Romano e Ele não fez nada. Escravidão, guerra, pobreza, bebidas, prostituição, floresciam e Ele não fez nada para tentar corrigir a situação como tal. Ele recusou-se a agir como político, como nos é relatado em Lc. 12:13,14, quando negou-se a intervir em um problema financeiro entre dois irmãos. Em Jo. 3:17, Ele especificamente afirma que não veio ao mundo para julgar o mundo. (Quanto da assim chamada "pregação do evangelho" não é mais que a condenação do mundo e das coisas do mundo!)

Em Mt. 14:10-13, quando contaram a Jesus que Herodes decapitara João Batista, não houve qualquer demonstração, nenhum quebra-quebra ou pilhagem de estabelecimentos comerciais, nenhum bloqueio de bigas e carros de boi, à guisa de protesto, nenhum tipo de condenação a Herodes ou ao seu governo. Jesus e Seus discípulos apenas retiraram-se silenciosamente e foram para um lugar deserto, para se afastarem de tudo aquilo por algum tempo.

Em Lc. 13:1-5, nosso Senhor não tem qualquer palavra de condenação para o ultraje-nacional cometido por Pilatos, ao matar alguns galileus no templo, em meio aos sacrifícios que eram oferecidos. Essa profanação pagã do templo e repulsiva indignação perpetrada pelo pagão Pilatos, não extraiu uma única palavra do Senhor.

Jesus não contendeu por direitos civis para si mesmo ou para Seus seguidores, mas ensinou aos Seus discípulos a serem obedientes às autoridades constituídas. Em Mt. 22:15-22, nosso Senhor lhes ordenou pagarem os tributos a César. César era um assassino, depravado, imoral, adúltero; era cruel e sem coração. Jesus disse que lhe pagassem os tributos, ainda que parte deles se destinassem ao sustento dos cultos idólatras do Império Romano. Jesus não se intrometeu em nenhum dos governos das terras onde esteve. Nem tampouco devemos nós fazê-lo. Em Jo. 20:21, nosso Senhor diz: "Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós".

Observemos o exemplo do Apóstolo Paulo. Em At. 16:16-34, quando Paulo e Silas foram injustamente presos, acusados, condenados e agredidos, seus seguidores não fizeram qualquer manifestação de protesto, nem no palácio do governador, nem nas ruas. Paulo e Silas não proferiram protesto algum mas oraram a Deus e Ele moveu-se de maneira miraculosa para salvá-los.

Contudo, houve uma vez na sua vida em que Paulo se envolveu em política. No seu julgamento diante de Festo, como relatado em At. 25:11, Paulo exerceu seu direito como cidadão Romano e apelou a César, isto é, reclamou proteção civil baseada em direitos civis. Aquele apelo, aquele momento único de fraqueza, ao voltar-se para o poder político e para as autoridades, em vez de tornar-se para o Senhor, custou-lhe passar o resto da sua Vida aprisionado, exceto talvez por uma possível trégua entre o que ele chamou de sua primeira e segunda prisão.

Em At. 26:32, Agripa disse a Festo: "Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César", o que vale dizer: este homem poderia ter sido liberto, se não tivesse usado seus direitos civis em vez do poder espiritual.

Em At. 12, onde lemos sobre a morte de Tiago e a prisão de Pedro, a Conferência de Liderança Cristã não apelou a Jerusalém ou a Roma, nem iniciaram um protesto pela não-violência, nem começaram a agir como vândalos, destruindo propriedades, queimando e saqueando. Eles fizeram o que todo cristão deveria fazer - retiraram-se para uma casa particular e oraram. E o Senhor ouviu as suas orações.

Agora consideremos alguns dos ensinamentos bíblicos concernentes ao relacionamento do cristão com o mundo. Em Hb. 11:13-16, lemos que os cristãos do primeiro século "confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra", e que estavam à procura de uma pátria melhor. Em I Pe. 2:11-18, os cristãos são encorajados a sujeitarem-se a toda autoridade humana por amor do Senhor, independente de ser essa a mais alta corte da terra ou a menor delas. Em Romanos 13, os cristãos são estimulados a submeterem-se às autoridades superiores, porque não há autoridade que não venha de Deus. Homens em posições de autorida­de de Estado são chamados ali de ministros de Deus.

As Escrituras a que já fizemos referência chamam a nossa atenção para o fato de que o governo civil foi estabelecido por Deus e que o cristão deve submeter-se às autoridades, porém nunca administrar.

Quando o nosso Senhor disse em Mt. 7:1-6: "Não julgueis", Ele quis dizer exatamente isso. O cristão não pode ser um juiz. Também aprendemos em Daniel 4:17, que o Senhor "tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer e até o mais humilde dos homens constitui sobre eles". (Quão oposto ao pensa­mento de muitos cristãos, de que os crentes precisam assumir a direção do país, que está sob o controle de Satanás!)

Em II Co. 5:20, o Espírito Santo chama à nossa atenção que os cristãos, cujo lar está nos céus, são embaixadores no mundo, rogando ao mundo que se reconcilie com Deus. Em questões civis, embaixadores que se intrometem nos negócios do Estado para onde foram enviados são, usualmente, destituídos do cargo, a pedido do país no qual estão servindo.

A filosofia de muitos cristãos é de que os crentes na política tornariam o mundo um lugar melhor para se viver. Em I Sm 2:8, na oração profética de Ana, o mundo é comparado a um monte de lixo, do qual os cristãos, como mendigos, foram resgatados. Seguindo essa ilustração, todo esforço para tornar o mundo, amaldiçoado pelo pecado, condenado e prestes a ser destruído, em um lugar melhor para se viver, não é mais do que decorar e perfumar um monte de lixo.

Outra vez, os cristãos passando por esse mundo, são comparados aos filhos de Israel atravessando o deserto, a caminho da Terra Prometida. Todos os esforços para melhorar este mundo, através de meios políticos, são como plantar flores, cultivar jardins e cuidar da paisagem do deserto, através do qual passam os filhos de Israel.

Em At. 15:14, lemos que Deus está separando, dentre os gentios, um povo para o seu Nome. Em I Tm. 4:1, aprendemos que a era na qual vivemos é governada e controlada pelo Diabo e seus espíritos sedutores e que as coisas irão de mal a pior. Em II Tm. 3:1-9, aprendemos que o mundo se degenera continuamente até que, moralmente falando, torna-se insuportável. Em I Tess. 5:3, lemos a respeito da repentina destruição que está para vir sobre o mundo e sobre aqueles que forem deixados nele.

Os cristãos estão proibidos de amar o mundo, sendo ensinados que a amizade com o mundo é inimizade para com Deus. O mundo é mau, ímpio, condenado e moribundo, e um dia será aniquilado. Então o Senhor criará um novo céu e uma nova terra, onde habitará a justiça.

Em Mt. 5:39-42, o cristão é exortado a não resistir ao homem mau; se agredido na face direita, deve oferecer também a outra. Se alguém lhe tirar a túnica, deve também entregar-lhe a capa. Se forçado a caminhar mil passos, deve caminhar dois mil, por amor do Senhor.

Em I Co. 4:5, é nos dito para não julgar nada antes do tempo, até que venha o Senhor (o tempo será quando o Senhor retornar em glória e poder). Em I Co. 6:2, somos ensinados que os santos hão de julgar o mundo, mas não antes que o Senhor volte e estabeleça Seu próprio reino. Em I Jo. 3:1, aprendemos que o mundo não nos conhece, o que significa que não reconhecerá quando um homem é cristão, pelo fato de que não reconhecerá a Deus, como criador, sustentador e Senhor do universo.

A Escritura mostra em detalhes como agir em várias esferas nas quais um cristão tem que se mover. A Escritura mostra e explica a um homem como agir como marido, como deve agir como um pai, na relação com seus filhos, como deve ser sua conduta se ele é um empregado e como deve tratar um empregado, caso seja ele o patrão.

A Escritura continua ainda explicando como os missionários, pregadores e mestres devem conduzir-se. Porém não há uma única palavra sobre como um cristão deve agir como político.

Dwight L. Moody expressou-se com estas palavras: "O mundo é um navio naufragando e eu não fui chamado para salvar o navio, mas para salvar alguns do navio, antes que ele afunde". Em Judas, versículo 23, o dever do cristão é definido como o de arrebatar do fogo os pecadores perdidos, como uma brasa da fogueira, e não o de tentar apagar o fogo.

Em II Co. 6:17, os cristãos são comandados a sair do mundo e separar-se dele. (Como essa escritura tem sido torcida e pervertida para justificar cristãos separando-se de cristãos!)

Houve um tempo em que os cristãos usavam cantar um cântico:

Eu sou um forasteiro aqui,
Em uma terra estranha;
Meu lar é muito longe,
Em uma praia dourada;
Eu sou um embaixador
De reinos além do mar,
Estou aqui a serviço do Rei.


Sendo este um ano de eleições, muitos cristãos estão preocupados com a política. Muitos têm me perguntado quem é o meu candidato; outros estão preocupados em saber qual é o papel que o crente deve assumir no campo do governo. Eu penso que a Bíblia é muito clara nos seus ensi­namentos a esse respeito, porém esses, como tanto da verdade da Bíblia, são desagradáveis para muitos de nós.

A visão que alguém tenha, no que diz respeito ao Reino vindouro do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, determinará sua atitude para com o governo do mundo e para com a sua política. Se alguém acredita, contrariamente às Escrituras, que a Igreja trará o reino e que o reino não poderá vir até que a Igreja tenha produzido o Milênio, então esse crê na necessidade da Igreja e dos cristãos desempenharem grande papel na política. Se, porém, como afirma a Bíblia, as coisas irão de mal a pior e a iniqüidade será abundante, e não haverá paz até que Jesus volte, então os cristãos têm pouco ou nada a ver com a política. "Porque a nossa pátria está nos céus..." (Fl 3:20). A nossa cidadania está nos céus. "De sorte que somos embaixadores por Cristo..." (II Co. 5:20).

A verdade nessa questão, é que os cristãos são um povo celestial, com um chamamento celestial, e com um lar celestial Nossa função neste mundo é aquela de um embaixador, proclamando a um mundo de mente réproba, que Deus já se reconciliou conosco em Cristo e rogando aos indivíduos que se reconciliem com Deus. Como embaixadores, estamos aqui a serviço do Rei. Como embaixadores do céu, a nossa cidadania não é DESTE mundo, embora seja NESTE mundo. (Jo. 17:16).

Aqueles cuja cidadania é tanto DESTE mundo, quanto NESTE mundo, NÃO SENDO cidadãos do céu, são chamados, por todo o livro de Apocalipse, de "habitantes da terra" ou "moradores da terra", e o governo deste mundo está nas suas mãos até o tempo em que o Senhor retornar, em poder e glória, para reassumir as rédeas do governo do mundo. Ainda que o governo do mundo esteja nas mãos de homens não regenerados, devemos reconhecer o fato de que Deus governa neste reino dos homens e coloca no poder, à frente dos governos, quem Ele quer. Veja Daniel 4:17,25. Satanás é o deus desta era e é o príncipe das potestades do ar. E, embora Deus controle os assuntos dos homens, ainda assim Ele permite que tais homens governem sob a direção de Satanás. Este não é o tempo para que os cristãos governem. Este não é o tempo para a Igreja dominar. Este é o tempo em que a Igreja, a noiva de Cristo, suporta rejeição por parte do mundo, juntamente com Cristo. Homens vis e irregenerados, administrando os negócios de Estado, são, apesar disso, referidos como ministros de Deus. Estude cuidadosamente Rm. 13:1-7.

Quando Jesus voltar e estabelecer Seu reino aqui sobre a terra, os cristãos fiéis terão o privilégio e a responsabilidade de governar e reinar com Cristo. Lc. 19:17, "...sobre dez cidades terás autoridade". Verso 19: "... sê tu também sobre cinco cidades". Ap. 3:21: "Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci e me assentei com meu Pai no Seu trono".

Deixe-me repetir - este não é o tempo para a Igreja e os cristãos governarem em posições de Estado. Antes, a nossa relação com o mundo deve ser aquela de um cidadão de todo o mundo. Devemos viver e pensar de maneira a cumprir o comissionamento de Mc. 16:15: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura". Nós não devemos criar antagonismos com todas as nações do mundo, pela proclamação de que pertencemos a uma nação e, dessa maneira, embaraçar o nosso testemunho por Cristo em outras nações. Devemos, antes, ser não-partidários, nas nações onde vivemos, do que fazermos membros de um partido, assim antagonizando todos os outros e impedindo nosso testemunho para todos aqueles que não pertencem ao partido ao qual estamos filiados.

Um estudo minucioso da vida de Cristo e dos Seus discípulos, e da relação deles com a política local e mundial, será de muito proveito. Cristo ordenou obediência às leis da terra. Cristo e seus discípulos pagaram seus impostos. Cristo e seus discípulos se devotaram à tarefa dada por Deus, que era a proclamação da paz pelo sangue derramado do Senhor Jesus Cristo. Nós devemos orar "pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada", de maneira que todos os homens venham a conhecer o Senhor (I Tm. 2:1-4). A Igreja e os cristãos podem exercer muito maior poder e influência na política do mundo pela oração do que por todos os outros métodos combinados. "Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens" (Rm. 12:18).

A Graça Divina

Esta perfeição do caráter divino só é exercida em favor dos eleitos. Nem no Velho Testamento nem no Novo jamais se menciona a graça de Deus em conexão com a humanidade em geral, e muito menos com as ordens inferiores das Suas criaturas. Nisto a graça se distingue da "misericórdia", pois a misericórdia é "... sobre todas as suas obras" (Salmo 145:9). A graça é a única fonte da qual fluem a boa vontade, o amor e a salvação de Deus para o Seu povo escolhido. Este atributo do caráter divino foi definido por Abraham Booth em seu proveitoso livro, The Reign of Grace — O Reino da Graça, assim: "É o livre, absoluto e eterno favor de Deus, manifesto na concessão de bênçãos espirituais e eternas a culpados e indignos.

A graça divina é o soberano e salvador favor de Deus exercido na dádiva de bênçãos a pessoas que não têm em si mérito nenhum, e pelas quais não se exige delas nenhuma compensação. Não apenas isso, é ainda mais; é o favor de Deus demonstrado a pessoas que, não só não possuem merecimentos próprios, mas são totalmente merecedoras do inferno. É completamente imerecida, não é procurada de modo nenhum e não é atraída por nada que haja nos objetos aos quais é dada, por nada que deles provenha, e tampouco pelos próprios objetos. A graça não pode ser comprada, nem obtida, nem conquistada pela criatura. Se pudesse, deixaria de ser graça. Quando dizemos que uma coisa é "de graça", queremos dizer que seu recebedor não tem direitos sobre ela, que de maneira nenhuma ela lhe era devida. Chega-lhe como pura caridade e, a princípio, não solicitada nem desejada.

A mais completa exposição da maravilhosa graça de Deus acha-se nas epístolas do apóstolo Paulo. Em seus escritos "graça" está em direta oposição a obras e merecimento, todas as obras e todo merecimento, de qualquer espécie ou grau. Vê-se isto com muita clareza em Romanos 11:6, na versão utilizada pelo autor: "E se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se é por obras, já não é pela graça; de outra maneira, as obras já não são obras". É tão impossível unir a graça e as obras, como o é unir um ácido e um álcali. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:8-9). O absoluto favor de Deus não pode harmonizar-se com o mérito humano, mais do que o óleo e a água fundir-se num só elemento. Ver também Romanos 4:4-5.

São três às principais características da graça divina: primeira, é eterna. A graça foi planejada antes de ser exercida, e fez parte do propósito divino antes de ser infundida: "Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos" (2 Timóteo 1:9). Segunda, é livre, ou gratuita, pois ninguém a pôde comprar jamais: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça..." (Romanos 3:24. Terceira, é soberana, porque Deus a exerce em favor daqueles a quem Lhe apraz, e a estes a concede: "Para que... também a graça reinasse..." (Romanos 5:21). Se a graça "reina", ocupa um trono, e o ocupante do trono é soberano. Daí o "...trono da graça..." (Hebreus 4:16).

Exatamente porque a graça é um favor imerecido, exerce-se necessariamente de maneira soberana. Portanto, o Senhor declara: "Terei misericórdia" (ou graça) "...de quem eu tiver misericórdia,..." (Êxodo 33:19). Se Deus mostrasse graça a todos os descendentes de Adão, os homens logo concluiriam que Ele, sendo justo, estava compelido a levá-los para o céu como uma razoável compensação por ter deixado a raça humana cair em pecado. Mas o grande Deus não está sob nenhuma obrigação para com nenhuma de Suas criaturas, menos ainda para com os que são rebeldes contra Ele.

A vida eterna é um dom e, portanto, não pode ser obtida pelas boas obras, nem reivindicada como um direito. Vendo que a salvação é um "dom", quem tem direito de dizer a Deus a quem Ele deve doá-lo? Não é que o Doador recusa este dom a qualquer que o busque de todo coração e de acordo com as regras que Ele prescreveu. Não; Ele não o recusa a ninguém que O busca de mãos vazias e da maneira determinada por Ele. Mas, se de um mundo impenitente e incrédulo Deus está resolvido a exercer o Seu direito soberano escolhendo um número limitado de pessoas para serem salvas, quem sai prejudicado? Estará Deus obrigado a impor o Seu dom aos que não lhe dão valor? Estará Deus compelido a salvar os que estão determinados a seguir o seu próprio caminho?

Nada, porém, enraivece mais o homem natural e mais contribui para trazer à tona a sua inata e inveterada inimizade contra Deus, do que insistir com ele sobre a eternidade, a gratuidade e a absoluta soberania da graça divina. Dizer que Deus formou Seu propósito desde a eternidade, sem nenhuma consulta à criatura, é demasiadamente humilhante para o coração não quebrantado. Dizer que a graça não pode ser adquirida ou conquistada pelos esforços do homem, esvazia demais o ego dos que confiam em sua justiça própria. E o fato de que a graça separa os que ela quer para serem os objetos do seu favor, provoca acalorados protestos dos rebeldes arrogantes. O barro se levanta contra o Oleiro e pergunta: "Por que Tu me fizeste assim?" Um rebelde infrator da lei atreve-se a questionar a justiça da soberania divina. Vê-se a distintiva graça de Deus no ato de salvar aqueles que Ele separou soberanamente para serem os Seus favoritos. Com "distintiva" queremos dizer que a graça discrimina, faz diferenças escolhe alguns e deixa de lado outros. Foi a distintiva graça de Deus que separou Abraão dentre os seus vizinhos idolatras e fez dele "o amigo de Deus". Foi a distintiva graça que salvou "publicanos e pecadores", mas disse acerca dos fariseus: "Deixai-os" (Mateus 15:14). Em parte nenhuma a glória da livre e soberana graça de Deus fulge mais conspicuamente do que na indignidade e diversidade dos que a recebem. Esta verdade foi belamente ilustrada por James Hervey (1751):

"Onde o pecado abundou, diz a proclamação do tribunal do céu superabundou a graça. Manasses foi um monstro cruel, pois fez passar seus próprios filhos pelo fogo, e encheu Jerusalém de sangue inocente. Manasses foi perito em iniqüidade, pois, não só multiplicou, chegando a extremos extravagantes, as suas impiedades sacrílegas, como também envenenou os princípios e perverteu os costumes dos seus súditos, fazendo-os agir pior do que os pagãos idolatras mais detestáveis. Veja 2 Crônicas 33. Contudo, através desta super abundante graça, ele se humilhou, mudou de vida, e se tornou um filho do amor que perdoa e um herdeiro da glória imortal.

"Vede Saulo, aquele perseguidor cruel e sanguinário, quando, respirando ameaças e disposto à matança, atormentava as ovelhas de Jesus e levava à morte os Seus discípulos. A devastação que causara e as famílias inofensivas que arruinara, não eram suficientes para mitigar o seu espírito vingativo. Eram apenas uma amostra para o paladar que, em vez de saciar a sede de sangue, fizeram-no seguir mais de perto a presa e ansiar mais ardentemente pela destruição. Continuava sedento de violência e morte. Tão ávida e insaciável era sua sede, que chegava a respirar ameaças e mortes (Atos 9:1). Suas palavras eram verdadeiras lanças e flechas, e a sua língua, uma espada afiada. Para ele, ameaçar os cristãos era tão natural como respirar. Nos propósitos do seu coração rancoroso, eles não paravam de sangrar. Só devido à falta de poder é que cada sílaba que proferia e cada sopro da sua respiração não espalhavam mais mortes nem faziam cair mais discípulos inocentes. Quem, segundo os princípios da justiça humana, não o teria pronunciado vaso da ira, destinado a inevitável condenação? E mais, quem não estaria pronto a concluir que, se houvesse cadeias mais pesadas e masmorra mais triste no mundo das torturas, certamente se reservariam para tão implacável inimigo da verdadeira religiosidade? Entretanto, admirai e adorai os inexauríveis tesouros da graça — este Saulo é admitido na santa comunhão dos profetas, é enumerado com o nobre exército de mártires e faz distinguida figura no glorioso colégio dos apóstolos.

"Era proverbial a maldade dos coríntios. Alguns deles chafurdavam em tão abomináveis libertinagens, e estavam habituados a tão ultrajantes atos de injustiça que eram uma infâmia até para a natureza humana. Contudo, até mesmo esses filhos da violência e escravos do sensualismo foram lavados, santificados, justificados (1 Coríntios 6:9-11). "Lavados" no sangue precioso do Redentor que deu Sua vida; "santificados" pelas poderosas operações do bendito Espírito; "justificados" através das misericórdias infinitamente ternas do Deus da graça. Os que outrora foram um aflitivo fardo para a terra, vieram a ser o júbilo do céu, o encanto dos anjos".

Agora, a graça de Deus se manifesta no Senhor Jesus Cristo, por Ele e através dEle. -"Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo (João 1:17). Isto não significa que Deus nunca exercera a Sua graça em favor de alguém antes de encarnar-Se o Seu Filho, Gênesis 6:8; Êxodo 33:19; etc; mostram que a verdade é outra. Mas a graça e a verdade foram plenamente reveladas e perfeitamente exemplificadas quando o Redentor veio a esta terra e morreu na cruz por Seu povo. É somente através de Cristo, o Mediador, que a graça de Deus flui para os Seus eleitos. "Muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é dum só homem (ou "por um SÓ homem"), Jesus Cristo... muito mais os que recebem a abundância da graça, e o dom da justiça, reinarão em vida por um só — Jesus Cristo ... para que ... também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor" (Romanos 5:15, 17, 21).

A graça de Deus é proclamada no evangelho (Atos 20:24), o qual é para o judeu confiante em sua justiça própria um "escândalo" (ou "pedra de tropeço"), e para o grego presunçoso e filósofo "loucura". Por quê? Porque não há nada no evangelho que se preste para gratificar o orgulho do homem. Ele anuncia que se não formos salvos pela graça, não seremos salvos de modo nenhum. Ele declara que, fora de Cristo - o Dom inefável da graça de Deus — o estado de todos os homens é desesperador, irremediável, sem esperança. O evangelho trata os homens como criminosos culpados, condenados e mortos. Declara que o moralista mais puro está na mesma condição terrível em que se acha o libertino mais voluptuoso; que o religioso confesso e zeloso, com todas as suas práticas religiosas, não é melhor do que o mais profano infiel.

O evangelho considera a todo descendente de Adão como pecador decaído, corrupto, merecedor do inferno e desvalido. A graça que o evangelho divulga é a sua única esperança. Todos permanecem diante de Deus como réus sentenciados, transgressores da Sua santa lei, como criminosos culpados e condenados, não a espera de alguma sentença, mas esperando a execução da sentença já passada sobre eles (João 3:18; Romanos 3:19). Queixar-se da parcialidade da graça é suicídio. Se o pecador insiste em que se lhe faça a pura justiça, então o "lago de fogo" terá que ser o seu quinhão eterno. Sua única esperança está em render-se a sentença que a justiça divina lhe passou, apropriar-se da retidão absoluta que a caracteriza, lançar-se à misericórdia de Deus, e estender mãos vazias para servir-se da graça de Deus, que agora chegou a conhecer por meio do evangelho.

A terceira pessoa da Deidade é o comunicador da graça pelo que é denominado "...o Espírito de graça... " (Zacarias 12:10). Deus, o Pai, é a fonte de toda graça, pois Ele em Si mesmo determinou a aliança eterna da redenção. Deus, o Filho, é o único canal da graça. O evangelho é o divulgador da graça. O Espírito é o doador. Ele aplica o evangelho com poder salvador à alma vivificando os eleitos enquanto ainda mortos, dominando as suas vontades rebeldes, amolecendo os seus duros corações, abrindo-lhes os olhos da sua cegueira, limpando-os da lepra do pecado. Podemos assim dizer com G. S. Bishop (já falecido): "A graça é uma provisão para homens que se acham tão decaídos que não podem erguer o machado da justiça, tão corruptos que não podem mudar as suas próprias naturezas, tão contrários a Deus que não podem voltar para Ele, tão cegos que não podem vê-lO, tão surdos que não podem ouvi-lO, e tão mortos que Ele mesmo precisa abrir os seus túmulos e levantá-los para a ressurreição".


Cristianismo de mente vazia

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O que Paulo escreveu acerca dos judeus não crentes de seu tempo poderia ser dito, creio, com respeito a alguns crentes de hoje: “Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento”. Muitos têm zelo sem conhecimento, entusiasmo sem esclarecimento. Em outras palavras, são inteligentes, mas faltam-lhes orientação.
Dou graças a Deus pelo zelo. Que jamais o conhecimento sem zelo tome o lugar do zelo sem conhecimento! O propósito de Deus inclui os dois: o zelo dirigido pelo conhecimento, e o conhecimento inflamado pelo zelo. É como ouvi certa vez o Dr. John Mackay dizer, quando era presidente do Seminário de Princeton: “A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é a paralisia de toda ação”.
O espírito de anti-intelectualismo é corrente hoje em dia. No mundo moderno multiplicam-se os programatistas, para os quais a primeira pergunta acerca de qualquer idéia não é: “É verdade?” mas sim: “Será que funciona?”. Os Jovens têm a tendência de ser ativistas, dedicados na defesa de uma causa, todavia nem sempre verificam com cuidado se sua causa é um fim digno de sua dedicação, ou se o modo como procedem é o melhor meio para alcançá-lo. Um universitário de Melbourne, Austrália, ao assistir a uma conferência na Suécia, soube que um movimento de protesto estudantil começara em sua própria universidade. Ele retorcia as mãos, desconsolado. “Eu devia estar lá”, desabafou, “para participar.
O protesto é contra o que?” Ele tinha zelo sem conhecimento.
Mordecai Richler , um comentarista canadense, foi muito claro a esse respeito: “O que me faz Ter medo com respeito a esta geração é o quanto ela se apóia na ignorância. Ser o desconhecimento geral continuar a crescer, algum dia alguém se levantará de um povoado por aí dizendo Ter inventado... a roda”.
Este mesmo espectro de anti-intelectualismo surge freqüentemente para perturbar a Igreja cristã. Considera a teologia com desprazer e desconfiança. Vou dar alguns exemplos.
Os católicos quase sempre têm dado uma grande ênfase no ritual e na sua correta conduta. Isso tem sido, pelo menos, uma das características tradicionais do catolicismo, embora muitos católicos contemporâneos (influenciados pelo movimento litúrgico) prefiram o ritual simples, para não dizer o austero. Observe-se que o cerimonial aparente não deve ser desprezado quando se trata de uma expressão clara e decorosa da verdade bíblica. O perigo do ritual é que facilmente se degenera em ritualismo, ou seja, numa mera celebração em que a cerimônia se torna um fim em si mesma, um substituto sem significado ao culto racional.
Por outro lado, há cristãos radicais que concentram suas energias na ação política e social. A preocupação do movimento ecumênico não é mais ecumenismo em si, ou planos de união de igrejas, ou questões de fé e disciplina; muito pelo contrário, preocupa-se com problema de dar alimento aos famintos, casa aos que não tem moradia; com o combate ao racismo, com os direitos dos oprimidos; com a promoção de programas de ajuda aos países em desenvolvimento, e com o apoio aos movimentos revolucionários do terceiro mundo. Embora as questões da violência e do envolvimento cristão na política sejam controvertidos, de uma maneira geral deve-se aceitar que luta pelo bem estar, pela dignidade e pela liberdade de todo homem, é da essência da vida cristã. Entretanto, historicamente falando, essa nova preocupação deve muito de seu ímpeto à difundida frustração de que jamais se alcançará um acordo em matéria de doutrina. O ativismo ecumênico desenvolve-se com reação à tarefa de formulação teológica, a qual não pode ser evitada, se é que as igrejas neste mundo devam ser reformadas e renovadas, para não dizer, unidas.
Grupos de cristãos pentecostais, muitos dos quais fazem da experiência o principal critério da verdade. Pondo de lado a questão da validade do que buscam e declaram, uma das características mais séria, de pelo menos alguns neo-pentecostais, é o seu declarado anti-intelectualismo.
Um dos líderes desse movimento disse recentemente, a propósito dos católicos pentecostais, que no fundo o que importa” não é a doutrina, mas a experiência”. Isso equivale a por nossa experiência subjetiva acima da verdade de Deus revelada. Outros dizem crer que Deus propositadamente dá às pessoas uma expressão inteligente a fim de evitar a passagem por suas mentes orgulhosas, que ficam assim humilhadas. Pois bem. Deus certamente humilha o orgulho dos homens, mas não despreza a mente que ele próprio criou.
Estas três ênfases - a de muitos católicos no ritual, a de radicais na ação social, e a de alguns pentecostais na experiência - são, até certo ponto, sintomas de uma só doença, o anti-intelectualismo.
São válvulas de escape para fugir à responsabilidade, dada por Deus, do uso cristão de nossas mentes.Num enfoque negativo, eu daria como substituto este trabalho “a miséria e a ameaça do cristianismo de mente vazia”. Mais positivamente, pretendo apresentar resumidamente o lugar da mente na vida cristã. Passo a dar uma visão geral do que pretendo abordar. No segundo capítulo, a título de introdução, apresentarei alguns argumentos - tanto seculares como cristãos - a favor da importância do uso de nossas mentes. No terceiro, constituindo a tese principal, descreverei seis aspectos da vida e responsabilidade cristãs, nos quais a mente tem uma função indispensável. Concluindo , procurarei prevenir contra o extremo oposto, também perigoso, de abandonar um anti-intelectualismo superficial para cair num árido super-intelectualismo. Não estou em defesa de uma vida cristã seca, sem humor, teórica, mas sim de uma viva devoção inflamada pelo fogo da verdade. Anseio por esse equilíbrio bíblico, evitando-se os extremos do fanatismo. Apressar-me-ei em dizer que o remédio para uma visão exagerada do intelecto não é nem depreciá-lo , nem negligenciá-lo, mas mantê-lo no lugar indicado por Deus, cumprindo o papel que ele lhe deu

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

previna-se da marca
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INTRODUÇÃO

A PROFECIA DAS SETENTA “SEMANAS” DE DANIEL:

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  1. AS PRIMEIRAS “SETE SEMANAS”:
    EXPRESSÃO USADA PROFETICAMENTE PARA DESIGNAR O PERÍODO QUE SE EXTENDE DO ANO 536 ANTES DE CRISTO (ORDEM DADA PELO REI DO IMPÉRIO MEDO PERSA, CIRO (ISAÍAS 44: 28), ATÉ O NASCIMENTO DO MESSIAS, JESUS CRISTO
  2. AS “SESSENTA E DUAS SEMANAS” SUBSEQUENTES:
    EXPRESSÃO USADA PROFETICAMENTE PARA DESIGNAR O PERÍODO QUE SE EXTENDE DO NASCIMENTO DO MESSIAS, JESUS CRISTO, NO ANO “ZERO”, ATÉ A IMINENTE MANIFESTAÇÃO DO ANTICRISTO
  3. A “SEPTUAGÉSIMA SEMANA”:
    EXPRESSÃO USADA PROFÉTICAMENTE PARA DESIGNAR O ESPAÇO DE TEMPO QUE SE EXTENDE DO INÍCIO DO GOVERNO DO ANTICRISTO ATÉ O FINAL DO PERÍODO CONHECIDO COMO “A GRANDE TRIBULAÇÃO”.
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“...haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos”
(2 Timóteo 4.3)

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