O que é Igreja?

sexta-feira, 8 de maio de 2009

“Grande é este mistério: digo-o, porém, a respeito de Cristo e da Igreja” (Efésios 5:32)

Não há assunto algum, em matéria de religião, que seja tão mal entendido como este: A Igreja.
Provavelmente, nada há que tenha feito tanto mal aos cristãos professos, como o mal entendido a respeito deste ponto. Não há palavra que tenha sido usada com tanta variedade de sentidos, como a palavra "Igreja". É palavra que ouvimos constantemente, e não podemos deixar de observar que as pessoas a empregam em sentidos diferentes. O inglês bem educado, “quando fala de ‘Igreja”, que quer ele dizer? Geralmente se refere à igreja episcopal estabelecida em seu país. O católico romano, quando fala em "Igreja", que quer ele significar? Quer dizer igreja romana, acrescentando que não há igreja verdadeira no mundo, além dela, e tantos outros que querem eles dizerem? Uns querem dizer o edifício em que prestam cultos a Deus, aos domingos; outros se referem ao clero, pois quando alguém é ordenado costuma-se dizer que "entrou para a Igreja"; outros têm vagas idéias a respeito do que costuma chamar de sucessão apostólica, dando a entender com isto, misteriosamente, que a igreja é composta de cristãos governados unicamente por bispos. Não há o que dizer contra tudo isso. São fatos presentes e notórios, e todos eles concorrem para explicar a asserção que fizemos no início destas considerações: não há assunto tão mal entendido como o que trata da "Igreja". Leitor creio que, presentemente, é da maior importância ter idéias claras a respeito da "Igreja". Creio que a falta da correta compreensão deste assunto é uma das grandes causas dos erros religiosos em que muitos caem. Desejo chamar a sua atenção para aquele grande e principal sentido em que a palavra "Igreja" é empregada no Novo Testamento. Quero dissipar a névoa em que este assunto está envolvido. Com verdade falou o bispo Jewell, o reformador, quando disse: "Os inimigos da verdade ensinam muita doutrina falsa debaixo do nome da Santa Igreja, porque nunca houve nada até hoje tão absurdo ou tão perverso, que não fosse fácil defender sob o nome da Igreja".
Deixe-me então mostrar-lhe, em primeiro lugar, qual é a verdadeira Igreja fora da qual ninguém pode salvar-se.

Há, realmente, uma igreja fora da qual não há salvação, uma igreja a que o homem deve pertencer se não quiser perder-se por toda a eternidade. Exponho-lhe isto sem hesitação ou reserva. Digo-o com tanta confiança e certeza, como o mais forte defensor da igreja romana o pode fazer. Mas, qual é esta Igreja? Onde está ela? Por que sinais esta igreja deve ser conhecida? Eis uma grande questão! A verdadeira Igreja está bem descrita no serviço de comunhão da Igreja em todo mundo, "como o corpo místico de Cristo, que é a companhia bendita de todo o povo fiel". É composta de todos os crentes em Jesus Cristo. É formada por todos os eleitos de Deus, por todos os homens e mulheres convertidos - por todos os verdadeiros cristãos nos quais podemos distinguir a eleição de Deus, o Pai, a purificação pelo sangue de Deus, o Filho, e a santificação de Deus, o Espírito. Em tais pessoas podemos ver os membros da verdadeira Igreja de Cristo. É uma Igreja em que todos os membros têm os mesmos sinais. São todos renascidos do Espírito Santo. Todos devem ter "arrependimento para com Deus, fé em nosso Senhor Jesus Cristo e santidade de vida e de conversação". Todos odeiam o pecado e amam a Cristo. Adoram a Deus... Todos com o coração igualmente sincero. São todos guiados pelo mesmo Espírito; todos edificam sobre o mesmo alicerce; todos tiram a sua religião (são ligados) do mesmo único livro; todos se reúnem no mesmo centro - que é Cristo! Todos podem, mesmo já, dizer: Aleluia! E podem responder com um coração igualmente crente e uma voz unânime: "Amém, amém".
É uma Igreja que não depende dos ministros cá da terra, ainda que aprecie muito aqueles que pregam o evangelho. A vida espiritual de seus membros não depende do fato de se filiarem a uma igreja, nem depende do Batismo e Ceia do Senhor, não obstante darem grande valor a estes Sacramentos cada vez que são celebrados.
Mas esta Igreja tem uma Cabeça principal, um Pastor, um Bispo, que é Jesus Cristo. Só Ele, pelo seu Espírito, admite os membros desta Igreja, ainda que seja os muitos irmãos que mostram a porta. Enquanto Ele não abrir a porta, ninguém aqui no mundo pode abri-la; nem irmãos maduros, nem presbíteros, nem reuniões, nem sínodos e nem concílios. Quando o homem se arrepende e crê no Evangelho, nesse mesmo momento torna-se membro desta Igreja. Como o ladrão arrependido, pode não ter ocasião de ser batizado, mas tem aquilo que é muito melhor do que o batismo da água: o batismo do Espírito Santo. Talvez não possa receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas pode, por meio da fé, alimentar-se de Cristo todos os dias de sua vida, e nenhum ministro, na terra, podem privá-lo disto. Ele pode, por injustiça, ser excluído por aqueles que são ordenados, e privado dos privilégios da Igreja. Porém, nem todos os sacerdotes do mundo inteiro podem exclui-lo da verdadeira Igreja. A existência desta Igreja não depende de formas nem de cerimônias, de catedrais ou templos, de púlpitos ou pias batismais, de vestimentas ou órgãos, de dotes, dinheiro, reis, governos, magistrados, de ato ou favor, qualquer que seja, da mão do homem. Ela sempre permaneceu, quando tudo isto lhe foi tirado. Foi muitas vezes lançada no deserto ou em covas e cavernas da terra, por aqueles que deveriam ser seus.


Os irmãos



“...haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos”
(2 Timóteo 4.3)

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