As escravas do papa

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O Tenebroso Testemunho de uma Ex-Freira Carmelita Americana

O relato da vida da freira Charlotte foi retirado de um site muito confiável (http://www.jesus-is-lord.com/charlot1.htm) e não se pode duvidar da veracidade do mesmo. Esse relato é para que nossos amigos leitores possam conhecer o sadismo com que alguns padres e madres católicos costumam tratar as pobres freiras trancadas em clausuras, as quais não podem sair dos claustros para denunciar os maus tratos a que são submetidas pelos “filhos” do papa, nesses antros de violência e sadismo.

Vamos contar os horrores sofridos por Charlotte e suas companheiras de clausura. Ela usa esse pseudônimo, temendo pela própria vida, pois os asseclas do Vaticano não costumam enviar recado: eles matam... O testemunho de Irmã Charlotte é comovente e chocante. Contudo nos oferece um insight do que existe de pior na vida de muitos conventos católicos, onde os padres costumam agir de maneira iníqua, desrespeitando e torturando as indefesas “filhas de Maria” e escravas do papa.

Um leitor disse o seguinte a respeito do testemunho de Charlotte:

"Fiquei muito chocado com o que li. Acredito no que ela falou porque trabalhei como garçom. Os padres e freiras chegavam toda tarde para tomar os seus drinques, usando hábitos. Certo dia uma amiga confrontou um daqueles padres e um dos seus “garotos” com uma forte censura. Ele fez tudo para que ela fosse despedida do emprego e depois passou a aparecer ali usando hábito e se embriagando. Falamos que não ficava bem que as crianças os vissem bebendo, especialmente porque eram considerados “povo de Deus” (pelo menos aos olhos inocentes), e que isso dava muito na vista...

Por isso é que entendo o que Irmã Charlotte diz e gostaria de orar pelas outras freiras que ainda continuam prisioneiras nos conventos católicos de clausura." (Assinado: S.R.)

Agora vamos conhecer a verdadeira estória da Irmã Charlotte:

Antes de mais nada, eu gostaria de dizer que não estou dando este testemunho porque alimente qualquer tipo de ódio no coração contra o povo católico. Não poderia me considerar cristã se guardasse amargura no coração. Deus me livrou de toda amargura e antagonismo... Ele se tornou real para mim, no poder do Espírito Santo. Dou este testemunho porque Deus me salvou e me libertou do convento, da escravidão e das trevas do Romanismo. Ele me pôs no coração o fardo de dizer a verdade, para que os leitores possam saber o que acontece nos conventos de clausura... Não desejo falar coisa alguma que possa demonstrar ressentimento contra o povo católico. Não gosto do que os católicos fazem, discordo das coisas que eles ensinam e estou entregando a Jesus as suas almas preciosas. Preocupo-me com eles. Jesus foi até o Calvário para que todos nós pudéssemos conhecê-Lo e por isso me importo com as almas deles...

Tendo nascido no Catolicismo Romano, eu não conhecia a Palavra de Deus porque não possuía uma Bíblia em casa, e nunca havia escutado o maravilhoso plano de salvação. Vivendo num lar católico, eu conhecia apenas o Catecismo e os demais ensinos da ICR. Porque amava o Senhor e desejava fazer algo por Ele, eu queria entregar-Lhe minha vida. Não sabia de outra maneira pela qual uma jovem católica romana pudesse entregar sua vida a Deus, a não ser entrando num convento. Freqüentava o confessionário, desde os sete anos de idade, onde, naturalmente, fiquei sob a influência do padre católico, meu confessor, o qual passou a controlar toda a minha vida...

Certo dia, coloquei na mente, sob a influência dele e de uma das professoras da escola paroquial, que desejava me tornar freira. Naquele tempo pensava em ser freira numa ordem aberta e quando fiquei num desses conventos, até receber o véu branco, aos dezesseis anos e meio, achava que tudo era bonito. Não havia temor algum em meu coração. Tudo que me haviam ensinado na Igreja parecia estar em sintonia com os ensinos dali.

Vou relembrar agora um dia muito especial, antes de entrar no convento. Duas de minhas professoras vieram até minha casa, junto comigo. E quando lá chegamos naquela tarde, avistamos o meu confessor, que também lá se encontrava. Desejo esclarecer que quando eu era criança jamais me permitiam falar, a não ser quando indagada sobre alguma coisa. Estavam todos conversando, quando cheguei perto de meu pai e perguntei se podia falar algo, o que era muito fora do comum. Quando ele mo permitiu, eu disse: “Papai, quero entrar no convento”. O padre concordou logo... Meu pai ficou surpreso e começou a gritar, não de tristeza, mas de alegria. Minha mãe chegou e me abraçou alegremente, desmanchando-se em lágrimas, porque a sua filhinha estaria indo para o convento, a fim de orar pela humanidade perdida. Todos nós estávamos empolgados. Tive de esperar um ano, até que minha mãe completasse a preparação do meu enxoval e, finalmente, entrei no convento.

O Noviciado

Como não houvesse uma vaga em convento algum ali perto, meus pais me levaram para bem longe, a mais de mil milhas dali, e entrei num convento para fazer o meu noviciado. Estava com doze anos e nove meses. [Primeiro, o padre confessor e as duas professoras fizeram a cabeça da menina Charlotte, para que ela desejasse ser freira. Segundo, influenciaram e convenceram os pais da garotinha a ficarem felizes com a decisão da mesma. Terceiro, levaram-na para um convento distante, a fim de dificultar qualquer aproximação futura com os pais. É assim que a hierarquia romana sempre age... calculada e traiçoeiramente!]

Eu era apenas uma menina. Olho para trás e penso: “Ó, meu!” Saudades? Sentia tanta saudade do lar! Meus pais haviam ficado três dias comigo e quando partiram fiquei cheia de saudade. Claro, por que não? Eu era apenas um bebê, longe de casa. Jamais havia passado uma noite sequer longe de minha mãe, nem ido a lugar algum sem a família. Havia uma estreita união em nossa família e por isso me senti tão solitária e saudosa.

Depois que meus pais se foram para tão longe, comecei a imaginar em meu coração que jamais iria vê-los novamente. Claro que não havia planejado desse modo, pois meu plano era entrar num convento aberto. Prestem muita atenção... Hoje sabemos que os padres selecionam o seu “material” através do confessionário [Em geral eles escolhem filhas únicas de famílias abastadas, as quais são obrigadas a fazer voto de pobreza, pois, quando lhes morrem os pais, entregam à Igreja toda a fortuna destes.]

Como já falei antes, aos sete anos de idade eu já freqüentava o confessionário. Quando ia à Igreja, ficava na ponta dos pés para conseguir beijar o crucifixo e, então, aos pés do mesmo, eu pedia à Virgem Maria que me ajudasse a fazer uma boa confissão. Era apenas uma criança de coração muito puro. Os padres nos haviam ensinado a fazer sempre uma boa confissão, sem deixar coisa alguma esquecida. Deveríamos falar tudo, se quiséssemos receber a absolvição dos pecados cometidos. Por isso eu pedia que a Virgem Maria me ajudasse a fazer uma boa confissão. [No Romanismo tudo é absolutamente errado. Desde as intenções dos seus hierarcas, até as orações dos iludidos católicos]

Tendo ficado alguns anos naquele convento, precisei continuar meus estudos. Havia concluído o primeiro grau, quando me prometeram dar o segundo grau e um curso superior. Contudo, apenas concluí o segundo grau, e com terríveis esforços e muita dificuldade. Mesmo assim sou grata por me terem permitido cursar o segundo grau. Logo me colocaram em crucial treinamento, a fim de me tornar uma noviça e poder entrar de vez no convento. Esse treinamento é além do que se pode contar e somente quem passou por um deles, durante algum tempo, pode realmente saber em que consiste.

Agora eu já havia entrado no convento e posso contar-lhes como se vive, o que se come e como se dorme ali. Se eu levasse os leitores para dentro do convento é que poderiam entender exatamente o que se passa ali... O tempo foi correndo e quando eu tinha quatorze anos e seis meses, a Madre chegou para me falar a respeito do véu branco, sobre o qual eu pouco sabia, a não ser que, segundo me disseram, após recebê-lo eu me tornaria uma esposa de Jesus Cristo. Haveria uma cerimônia, na qual eu seria vestida com traje de noiva. Na manhã determinada, disseram-me que eu seria vestida de noiva às 9 hs. Imaginem onde elas costumam conseguir o traje de noiva para as freirinhas. A madre superiora escreve uma carta ao pai da futura “esposa de Cristo”, dizendo de quanto dinheiro precisa para o evento e o pai logo o envia.

A freirinha que cuidava das compras saiu para comprar o material e o traje foi confeccionado pelas próprias freiras do convento (Eu ainda estava numa ordem aberta e por isso as freiras podiam sair para fazer compras). Então vocês vão indagar: “Será que ela gastou todo o dinheiro recebido para aquele traje de noiva?” Por enquanto não posso responder, pois estou há pouco tempo no convento... Mais tarde saberei que o traje não deve custar mais de um terço do dinheiro recebido e o resto as madres embolsam... Depois de um certo tempo ali no convento, quando tive ensejo de confeccionar alguns trajes de noiva, fiquei sabendo quanto realmente eles custavam e de onde vinha o dinheiro dos mesmos...

Finalmente chegou a hora em que desfilei pela nave da igreja, em traje de noiva. Lembro-me que eu costumava percorrer a “via sacra” das 14 estações, de pé, ajoelhando-me diante de cada “estação”. Porém depois de receber o véu branco passei a percorrê-las de joelhos, a fim de me tornar mais digna do papel de esposa de Cristo. Apesar da longa distância, eu a percorria de joelhos, toda sexta feira de manhã, achando que isso me levaria para mais perto de Deus e me tornaria mais digna do passo que pretendia dar.

Gravem bem na mente este detalhe: cada menina que entra no convento nada sabe a respeito da vida mundana e ali chega com o coração puro. Ela só tem o desejo de viver para Deus. Deseja entregar o seu coração, mente e alma a Deus. Resumindo: essas meninas entram no convento, sem conhecer coisa alguma do mundo lá fora... Ao contrário do que acontece com certas estrelas de cinema, que já conhecem todos os segredos da vida mundana e são recebidas nos conventos católicos, depois de entregar milhões de dólares à Igreja... Esta nunca se preocupa com o tipo de pessoa que entra em seus conventos, contanto que receba destas uma alta quantia em dinheiro...

Observem atentamente que depois de entrarmos no convento passamos a ser vistas como senhoras casadas. Somos esposas ou noivas de Cristo. O padre começa a ensinar tudo que a menina precisa saber, a fim de tomar o véu branco. Ela é ensinada que a família será salva por causa de sua vocação. Não interessa se os membros dessa família são ladrões de bancos ou assaltantes de armazéns. Não importa que eles fumem, bebam, façam farras, e vivam no mundo, praticando toda sorte de pecados. Isso não fará a menor diferença, pois, mesmo assim, a família da freirinha será salva. Se continuarmos no convento, dedicando nossas vidas à Igreja, podemos estar certas de que todos os membros de nossa família serão salvos. Por isso muitas meninas são compelidas a entrar no convento, a fim de conseguir a salvação de suas famílias.... Isso porque têm mentes imaturas e não conhecem uma teologia verdadeiramente embasada na Bíblia. Os padres são mestres em instalar mentiras religiosas nas mentes infantis, considerando que as crianças são influenciáveis e os vêem como deuses. Ele passa a ser o único deus sobre quem elas sabem alguma coisa. Acham que esses padres não podem pecar, não podem mentir, nem cometer um só erro, visto como são infalíveis. O padre é considerado o mediador entre Deus e o católico romano.

Então chega o dia em que nós, as freirinhas, recebemos o véu branco e tudo parece lindo! Estou com dezesseis anos e meio de idade... Todos ali me tratam bem e até agora não vi coisa alguma que me decepcionasse. Ainda sou uma garotinha e não preciso me “sujeitar” aos caprichos de um padre católico romano. Somente depois de completar 21 anos de idade, quando eu fizer os votos seguintes e passar a usar o véu negro, ficarei a par de tudo a respeito desses “homens”. E então, já será tarde demais...

Novo tipo de voto

Agora já não terei as chaves daqueles portões e nem haverá possibilidade alguma de escapar dali. O padre vai nos contar tudo a respeito dos USA e de outros países, e dizer que as irmãs podem sair do convento, quando desejarem. Passei 22 anos ali. Fiz tudo que era possível para escapar. Levei comigo colheres de sopa até os cárceres e tentei cavar buracos no chão imundo, pois ali não há assoalho, porém jamais consegui cavar o suficiente para escapar do convento, porque a colher era a única ferramenta de que eu dispunha. Quando se usa uma pá, a fim de fazer um trabalho pesado, somos sempre vigiadas. Somos vigiadas por duas freiras mais idosas, as quais contarão tudo sobre nós e por isso não podemos usar uma pá. E nem chegaríamos muito longe, porque aqueles conventos são construídos de propósito, para que NENHUMA freirinha consiga escapar. Não haverá qualquer possibilidade de fuga, a não ser que Deus nos conceda um meio. Mesmo assim, creio que Deus há de prover um meio através do qual muitas daquelas meninas consigam escapar dali.

Eu devia estar com 18 anos, quando a madre começou a me doutrinar, quando eu já estava desejando fugir, após ter recebido o véu branco. Meu desejo era ser uma irmã enfermeira, mas a madre superiora, a qual devia estar me observando há muito tempo, um dia começou a me falar: “Charlotte, você tem um bom físico e pode se tornar uma boa freira de clausura. Acho que você gostaria de se libertar de casa, do papai, da mamãe, do mundo e de tudo que ama neste mundo, a fim de se esconder atrás dos portões de um convento, para se sacrificar, viver em crucial pobreza e rezar pela humanidade perdida. Acho que você é do tipo que gosta de sofrer...”

Somos instruídas, como freiras, que se sofrermos pelos nossos entes querido que já estão no “purgatório”, eles serão libertados dali mais depressa, graças ao nosso sofrimento. A madre sabia que eu estava desejando sofrer. Nunca murmurava e nem me queixava de coisa alguma. Ela sabia disso porque vinha observando o meu modo de ser e estava começando a falar do véu negro. Eu sabia pouco a respeito da vida de uma freira enclausurada. Nada sabia de suas vidas e nem do que faziam ali... Hoje alguns católicos tentam me dizer: “Estive numa clausura e sei tudo a respeito da mesma”. Contudo, sabemos que a mentira é permitida a um católico romano e que ele nem precisa ir ao confessionário contar esse pecado ao padre, contanto que essa mentira seja a favor da fé católica. Os católicos podem mentir à vontade, a fim de proteger a sua Igreja... Podem roubar até 40 dólares, sem precisar contar isso ao padre. Eles aprendem e praticam essa doutrina e muitos deles furtam muito mais que isso. Os católicos mentem. Vi muitos deles se ajoelharem diante do altar, clamando a Deus pela salvação, mas logo em seguida me apertavam a mão e continuavam mentindo. Claro que quando Deus toma conta do seu coração, eles depressa querem andar na linha, confessando suas mentiras. Mas enquanto permanecem na ICR eles podem mentir à vontade e isso é muito triste. Eles até parecem conhecer o verdadeiro Deus, quando dizem que não aprovam o pecado. Sei que Deus não aprova o pecado e também sei que Ele jamais pode compactuar com os católicos romanos, mesmo vendo como eles são mal informados e cegos, seguindo o caminho que os conduzirá ao inferno de Satanás. Creio nisso de todo o meu coração. Vivi muitos anos num convento e conheço muito bem como vivem os de lá.

Então chegou o dia em que a madre falou: “Charlotte, você deve estar querendo verter o seu sangue por amor a Jesus, do mesmo modo como Ele o derramou no Calvário... Deve estar querendo fazer uma árdua penitência e viver na maior pobreza”. Ora, eu já estava vivendo na maior pobreza! Mesmo assim, achei que isso poderia me tornar mais santa e me levar para mais perto de Deus, transformando-me numa freira melhor. Queria muito viver nessa crucial pobreza. Então, nessa manhã especial, ela me disse o que eu iria fazer: “Você vai passar nove horas dentro de um esquife”. Em seguida, ela me deu um monte de explicações. Foi o máximo que me permitiu saber a respeito do assunto...

E então, nessa manhã especial... eu estaria completando 21 anos de idade. Sessenta dias antes de chegar essa data, eu tive de assinar uma papelada que foi colocada sobre a mesa, diante de mim. Conforme essa papelada, eu iria desistir de qualquer herança de família... devendo passar todo o dinheiro dessa herança para a ICR. Tenho dito que os padres católicos romanos costumam persuadir as jovens não pelo seu físico e mentes fortes, não pela sua força de vontade, mas sempre quando essas moças são filhas de pais ricos, donos de muitas propriedades, vivendo em grande conforto material. E por que? Porque quando essas meninas entram no convento, os padres se apoderam da riqueza de seus pais. Eles até ironizam dizendo que a salvação na ICR custa um bocado de dinheiro. E como ninguém sabe disso, eles nunca se incomodam de negociar as meninas junto com a herança que elas vão receber.

E então, nessa manhã especial... eu havia pedido à madre superiora algum tempo para pensar melhor no assunto... Mas ela não mo permitiu. Nem ela nem pessoa alguma. Eu já vinha pensando assim, há algum tempo: “Acho que vou me esconder atrás dos portões de um convento, a fim de dedicar mais tempo a Deus e poder orar mais.”

Nove horas dentro de um esquife

Achei que poderia conseguir uma posição que me infligisse menos dor ao corpo, pois me haviam ensinado que Deus fica sorrindo, lá do céu, enquanto fazemos penitência, qualquer que seja o nosso sofrimento. Não conhecia coisa melhor e por isso eu sempre digo: “Se pelo menos vocês, cristãos, pudessem ver o íntimo dessas freirinhas, na certa iriam depressa clamar a Deus em favor dessas meninas, pois, infelizmente, elas são todas pagãs”. Nada conhecem a respeito do nosso Cristo e nem do plano de salvação. Elas vivem como eremitas nesses conventos católicos.

E então, nessa manhã especial...eu me vi andando pela nave da igreja... sem me lembrar de quase nada da manhã anterior, para narrar detalhadamente sobre a mesma... a fim de que vocês entendam perfeitamente... Sei apenas que nessa manhã especial me vejo andando, novamente, por aquela nave, só que desta vez não estava usando traje de noiva. Estava vestida com uma mortalha confeccionada em áspero veludo vermelho, a qual caía até o chão. Ia andando pela nave, sabendo o que iria fazer. A mortalha é confeccionada pelas próprias freiras do convento e tem franjas muito ásperas. À medida que vou caminhando, paro diante do esquife, onde sei que devo ficar trancada durante nove horas. Duas freirinhas vão chegar para me vestir com uma negra mortalha, pesada e fúnebre, tão borrifada de incenso que me deixa sufocada, até quase à morte. Sou obrigada a ficar ali, sabendo que após sair daquele esquife, jamais poderei escapar do convento. Jamais poderei rever minha mãe e meu pai. Jamais poderei regressar à minha casa. Viverei para sempre atrás daqueles portões. Lá serei sepultada, quando morrer. Eles já me haviam dito isso. Pagamos um preço muito alto, antes de descobrir que os conventos católicos não são ordens religiosas, conforme fomos instruídas. Eles são uma enorme decepção para as jovens que desejam dedicar suas vidas a Deus, desistindo de tudo e se sacrificando tanto. Que decepção enorme! Depois de ter ficado nove horas dentro daquele esquife, vocês poderiam indagar: “E o que você fez, enquanto lá estava?”

Recordações do Lar

O que acham que eu fiz? Derramei cada lágrima do meu corpo. Lembrei-me de cada coisa boa que minha mãe havia feito por mim. Lembrei-me de sua voz, das reuniões ao redor da mesa e das vezes em que ela orava conosco. Lembrei-me das coisas que ela me falava. Lembrei-me da cozinheira maravilhosa que ela era. Lembrei-me de tudo que acontece na vida de uma menina criada em casa, rodeada de amor pelos pais. Dentro daquele esquife, eu me conscientizei de que jamais iria ouvir novamente a voz de minha mãe e nem ver o seu rosto. Jamais iria colocar os pés sob a mesa, enquanto saboreava os seus gostosos quitutes. Pensei em tudo isso e durante quase quatro horas, dentro daquele esquife, eu chorei o tempo inteiro... porque era horrível demais. Sabia que iria sentir muita saudade do meu lar, que iria desejar rever meus pais algum dia, mas havia desistido de tudo isso. Por amor a Deus. Isso porque não conhecia algo melhor... Aquelas nove horas ali me pareceram intermináveis. Depois comecei a pensar em mim mesma e monologuei: “Charlotte, você vai ser a melhor freira carmelita”. Isso porque tudo que tenho feito na vida, até mesmo agora, quando já estou fora do convento, eu faço da melhor maneira possível. Tento sempre dar o máximo de mim mesma, sem pensar no que poderia fazer, e foi assim que agi no convento...Queria ser a melhor freira do mundo... A madre superiora sabia disso e, obviamente, os padres também o sabiam.

Assinatura com sangue

Agora eu sei que depois de sair daquele esquife eles iriam me colocar lá dentro, outras vezes. Havia uma sala por trás do mesmo, conhecida como a sala da madre superiora. Eu jamais havia entrado naquela sala particular, de modo que não sabia o que existia lá dentro. E quando lá entrei, a madre superora me fez sentar numa cadeira de costas retas e bem ásperas, onde fui imediatamente, obrigada a fazer os três votos – de pobreza, castidade e obediência. Enquanto eu fazia o primeiro voto, ela me furou o lóbulo da orelha e retirou uma porção de sangue para que eu assinasse cada voto com o meu próprio sangue. Fiz o voto de pobreza, prometendo viver na mais crucial pobreza, pelo resto de minha vida. O que significava aquela pobreza, as freiras que estavam sendo iniciadas jamais poderiam saber. Em seguida, fiz o voto de castidade. Ensinaram-me que agora estou casada com Jesus Cristo, devo permanecer virgem e jamais poderei me casar legalmente neste mundo... Depois que o bispo fez o meu “casamento” com Jesus Cristo, colocou-me uma aliança no dedo, significando que eu estava casada e selada para Cristo. Aceitei tudo isso, porque não conhecia coisa melhor.... Agora vem o voto de obediência. Ao assiná-lo já sei o que o mesmo significa. Estou vivendo num convento e aqui se exige obediência absoluta. Vocês jamais poderiam entender o significado disso... Temos de entender isso e bem depressa, a fim de nos tornarmos mais sábias... E prestar-lhes absoluta obediência. Pessoa alguma do mundo jamais poderia fazer um voto desse tipo. Ao assinar esse voto especial com o meu próprio sangue, desisti de tudo que possuía na vida, inclusive dos meus direitos humanos... Passei a ser um robô. Não posso me sentar, se não receber ordens para isso. Nem me levantar, sem receber ordem para isso. Não posso me deitar, se não mo ordenarem, nem me levantar, sem a ordem deles. O que vejo, não vejo. O que ouço, não ouço. O que sinto, não sinto. Tornei-me um robô e só percebi isso, depois de ter assinado os três votos. Então me conscientizei de que havia me transformado num robô. Claro que agora sou propriedade absoluta de Roma A partir daí, as freiras se tornam simplesmente mulheres esquecidas no convento... Em seguida a madre superiora vai nos dar um outro nome – o nome de uma santa, cassando-nos o nome verdadeiro. E nos ensina a crer que devemos orar para essa santa padroeira em qualquer circunstância, a fim de que ela possa interceder por nós diante de Deus, levando a Ele as nossas orações, visto como não somos dignas de chegar até Ele. Não é de admirar, portanto, que as pobres freirinhas jamais se aproximem de Deus. Somos instruídas de que jamais nos tornaremos tão santas a ponto de chegar à Sua presença e por isso precisamos de uma santa intercessora. Cria nisso porque ainda não conhecia coisa melhor... Foi então que toda a identidade de quem fora Charlotte foi anulada. Fui levada para longe de mim mesma, de modo que se alguém chegasse ao convento e me chamasse pelo nome verdadeiro, ficaria sabendo que lá não existe tal pessoa, mesmo que eu estivesse ali bem perto... Agora assino com outro nome...Sou outra pessoa...

Logo em seguida, a madre superiora me cortou cada mecha dos cabelos... Não me deixou um fio sequer... Usou até uma máquina para isso, pois seria inconveniente possuir cabelos e muito mais inconveniente cuidar dos mesmos. Não seria possível, pois não existem pentes no convento... Como pentear os cabelos sem um pente? Agora que já recebi o véu negro e fiz os votos perpétuos, vou ficar aqui no convento... PARA SEMPRE!

Até esse tempo eu costumava receber mensalmente cartas da família, as quais respondia. As cartas recebidas eram sempre censuradas e rasuradas e as que eu mandava, também. Por causa das rasuras eu não conseguia entender claramente o que meus pais queriam me dizer e isso me fazia sofrer muito, deixando-me ainda mais solitária, pois no convento ninguém tem amigos. Embora vivessem 180 freiras em minha ala, nenhuma delas era minha amiga e nem eu era amiga de nenhuma. Não era permitido ter amigas no convento. Somos todas transformadas em policiais e detetives, com a obrigação de espionar umas às outras. Isso é uma ordem. Quando uma freira conta algo sobre a outra, ela ganha o favor da madre superiora, pois esta lhe ensina que ganhar o seu favor equivale a ganhar o favor divino. Então a freirinha promete contar tudo, mesmo que não seja a verdade... Bem, depois de contar-lhes todos esses pormenores, tudo que eu possuía na vida havia desaparecido. Eu havia vendido minha alma em troca de um pote de baboseira teológica. Nós, as freiras enclausuradas, não somos destruídas apenas no corpo e na mente, pois também perdemos nossas almas, quando ali morremos. Isso é muito sério e por isso imploro as orações de todos vocês em favor das freiras enclausuradas. Elas jamais terão a chance de ouvir o evangelho de Jesus Cristo e jamais irão conhecê-Lo como vocês hoje O conhecem.. Elas jamais vão orar a Ele, como vocês costumam orar. Jamais sentirão as Suas bênçãos, como vocês costumam sentir. Então, coloquem essas pobres freirinhas em seu coração e comecem a orar por todas elas. Garanto que elas precisam demais de suas orações...

Assédio violento

Enquanto vou caminhando nesta sala, graças a Deus ainda não tenho idéia do que me acontecerá na sala ao lado. Fiz o voto de permanecer virgem e jamais me casar legalmente neste mundo porque agora sou esposa de Jesus Cristo. E logo em seguida, a madre superiora me conduz à sala vizinha, abrindo uma porta que dá para a mesma. Quando entro na sala, vejo alguém que jamais havia visto antes – um padre católico romano todo paramentado. Ele se dirige ao meu encontro e me enlaça fortemente, colocando o seu braço dentro do meu. Não entendo coisa alguma e nem imagino o que aquele homem deseja de mim. Puxo o meu braço, com violência, sentindo-me insultada e falo: “Que vergonha!” Ele fica furioso por um momento e diz apenas um “Ah!” e logo a madre superiora entra na sala, depois de ter escutado o meu protesto, e fala: “Depois que você ficar mais tempo no convento, não vai mais reagir desse modo. Todas nós nos sentimos assim como você se sente agora. Mas saiba que o corpo do sacerdote é sagrado e, portanto, não há pecado algum em lhe entregarmos o nosso corpo.”

Em outras palavras, eles ensinam a cada freirinha o seguinte: Do mesmo modo como o Espírito Santo colocou o germe dentro do ventre da Virgem Maria e Jesus foi concebido, também o padre é o Espírito Santo e, portanto, não é pecado as freiras serem usadas para gerar os seus filhos. E tudo indica que é para esse fim que os padres vão até os conventos... E para nenhum outro propósito neste mundo. Eles não chegam aos conventos senão para roubar dessas preciosas meninas a sua virtude. Mais tarde eu vou contar o que eles realmente fazem, quando chegam ao convento. A partir desse momento, todas as minhas trancas são derrubadas. Não há mais possibilidade de retorno. Não posso mais sair do convento, mesmo suplicando. E como supliquei àquele padre: “Por favor, me devolva ao meu pai! Quero voltar para a minha casa. Não quero mais ficar aqui”. Então nos sentimos cada vez mais sozinhas, pois não sabemos para quem apelar... Somos vítimas das circunstâncias e jamais fugiremos dali, pois não existe possibilidade alguma de fugir do convento. Ali eu permaneci, até o dia em que Deus me proporcionou um doloroso meio de fuga.

E então, depois que tudo isso aconteceu, suspenderam o meu correio e jamais receberia uma carta da família. Nunca mais. Agora sou propriedade do papa. Pertenço a Roma. Além disso, após ter assinado os votos, a madre superiora me havia conduzido até a câmara nupcial. Aí vocês perguntam: “E você foi?” Não, claro que não. Não entrei no convento para me tornar uma prostituta. Para isso teria sido bem mais fácil ficar lá fora. Não entrei no convento para viver na maior penúria, sofrer tanto e ainda me transformar numa mulher má. Jovem nenhuma poderia desejar tal coisa. Todas entram no convento pensando em entregar a vida e o coração a Deus e fora com esse exato propósito que eu lá entrara. Então me apareceu aquele padre e, é claro, eu não quis entrar na câmara com ele. Como eu tinha um físico forte, um de nós dois iria sair machucado e eu estava disposta a lutar com ele, até perder a minha última gota de sangue. Isso o deixou deveras furioso...

Obrigação fúnebre, regra quebrada e castigo no calabouço

Ora, eu teria de fazer uma penitência, na manhã seguinte, e é claro que agora ela seria bem mais pesada por causa do que eu havia feito. Quando a madre superiora disse: “Agora vamos fazer penitência”, isso queria dizer que na manhã seguinte eu seria iniciada na vida de carmelita. Lembro-me quando ela me levou para baixo, até um lugar estranho, um quarto muito escuro. Antes de receber o véu negro eu vivia no primeiro andar. Depois deste, passei a viver num andar subterrâneo... À medida que entrava naquele quarto, senti como era escuro e muito frio. Ali tive de andar de um lado para outro e ao redor da madre, para então perceber que havia duas velas acesas, embora eu ainda não conseguisse enxergar muita coisa. Então indaguei a mim mesma: “O que irá me acontecer?” Isso é o que nos vem à mente, mas não podemos fugir e sentimos muito medo. Quando me aproximei das velas acesas, senti que havia alguma coisa deitada ali. Cheguei mais perto e descobri que era uma freirinha deitada sobre uma maca...e quando as velas iluminaram-lhe a face percebi que ela estava morta. Eu quis perguntar: “Como foi que ela morreu? Porque está aqui? Há tempo ela está aqui?”. Mas havia desistido de todos os meus direitos humanos, não podia falar sequer uma palavra, e apenas fiquei olhando para ela. Então a madre superiora me disse: “Você vai ficar aqui, durante uma hora, velando este cadáver.” Depois de uma hora outra freira viria me render. Durante alguns minutos ela me deu vários conselhos a respeito do caso, diante daquele corpinho inanimado, enquanto jogava água benta sobre o mesmo, dizendo: "descanse em paz”.

Fiz exatamente o que me fora ordenado. Sentia-me péssima. Não tenho medo de defuntos e sei que é dos vivos que devemos ter medo e por isso não senti medo daquela freirinha morta, a qual me inspirava apenas uma grande piedade, além da enorme tristeza que me invadiu o coração. Foi quando o sino tocou e vi que minha hora havia terminado. De repente uma freira entrou sorrateiramente no quarto e me tocou no ombro. Não se pode fazer ruído algum no convento, ninguém pode falar e apenas se toca levemente no ombro das pessoas. Pelo fato de ter ficado ali durante uma hora, eu estava muito assustada e quando aquela freira me tocou no ombro, deixei escapar um gemido, um terrível gemido de pavor...

Bem, três dias após ter descido até aquele quarto fúnebre... a madre chegou e me disse: “Charlotte, você vai fazer penitência”. E isso aconteceu várias manhãs, ela sempre repetindo a mesma frase... Ela me conduziu até outro quarto, onde havia grossos toros de madeira. Descobri que era uma cruz feita de madeira compacta, muito alta e pesada, a qual estava inclinada. Ela me mandou tirar as roupas e colocar-me ao pé da cruz. Amarrou minhas mãos junto com os pés e me fez ficar ali ao pé da cruz. Era ali que eu iria verter o meu sangue... Ela não havia me explicado como e nem eu podia indagar. Ela havia trazido duas freiras e estas apanharam um longo chicote, em cuja extremidade havia peças de metal contundente. As freiras se colocaram de cada lado da cruz e começaram a chicotear o meu corpo. E quando aquelas peças de metal atingiram o meu corpo... só Deus sabe... minha carne foi rasgada e o sangue começou a jorrar, escorrendo pelo chão. Eu estava sendo flagelada e vertendo sangue, do mesmo modo como Jesus o havia derramado no Calvário e isso me fazia sofrer terrivelmente...

Terminada a flagelação, não me deram banho, vestiram a roupa sobre as feridas do meu corpo e assim fiquei pelo resto daquele dia. Naquela noite, quando entrei na cela, tentei retirar as roupas, mas elas estavam coladas às feridas do corpo e foi horrível. Fiquei várias noites sem poder trocá-las e quando ficava diante da minha xícara de café preto eu sentia náuseas...

Penitência de nove dias

De manhã costumávamos tomar uma xícara de café preto, sem leite e sem açúcar, acompanhada de uma tênue fatia de pão, cujo peso seria umas 130 gr. Nisso consistia o nosso breakfast. E somente à noite recebíamos outra refeição, a qual constava de uma tigela de sopa feita com diversas verduras (sem tempero) e uma fatia de pão. E só três vezes por semana recebíamos um copo de nata de leite. Era esse o cardápio durante os 365 dias do ano. Depressa fui perdendo peso porque o alimento era insuficiente. Não me recordo de um só dia em que fui dormir sem sentir fome. Às vezes a fome era tanta que eu nem conseguia dormir, com uma terrível dor de estômago. E no dia seguinte iria receber apenas uma fatia de pão, já sabendo que isso não iria me satisfazer o estômago...

Pior é que teria de trabalhar arduamente, durante o dia inteiro.

Como vocês vêem, aquelas freirinhas precisam demais de suas orações... Vocês estão acostumados a ir para a cama de estômago cheio, no maior conforto... Contudo, nenhuma delas sabe o que é conforto. Estão todas famintas, doentes, machucadas e cheias de feridas. O coração delas está cheio de saudades do lar e vivem desencorajadas. E o pior de tudo é que elas não têm esperança alguma nesta vida. Apenas esperam pelo dia em que irão ver Jesus... Precisamos orar muito por elas, pois a vida ali no convento é insuportável...

Então, algumas manhãs depois, a madre superiora chegou e me conduziu a uma nova iniciação. Quando entramos na câmara de penitência, naquela manhã, já havíamos percorrido um longo trajeto... chegando ao final de um túnel. Entramos numa sala e quando olhei para trás, vi algumas velas acesas e mais alguma coisa. Eram cordas penduradas no teto... Fiquei apavorada. Perguntei a mim mesma para que serviam aquelas cordas. Depois daquelas duas penitências sofridas, meu coração estava cheio de pavor... Fui andando em silêncio, até chegar bem perto das cordas... cheia de indagações na mente. Então a madre superiora falou: “Fique de frente para a parede”. Obedeci... Ela me ordenou que levantasse os dois polegares e eu os levantei. Ela os prendeu numa roda de metal ajustável... Depois ela prendeu também os meus dois artelhos junto com os polegares e ali fiquei flutuando no ar, com todo o peso do corpo sustentado pelos polegares e artelhos... Ela não disse uma única palavra de explicação, saiu da sala e passou a chave na fechadura da porta. Imaginem o que senti, quando fui deixada ali, pendurada e com a porta trancada... O pior é que eu não tinha a menor idéia de quanto tempo iria permanecer ali pendurada... Ninguém apareceu para me trazer comida e água. Achei que iria morrer naquela posição. Depois de algumas horas meus músculos começaram a doer e eu gemia de dor. Estava sofrendo muito... Não havia pessoa alguma por perto e não adiantava gritar... Verti todas as lágrimas que ainda me restavam no corpo desidratado... NINGUÉM poderia me ouvir... Ninguém iria se importar com as minhas lágrimas... E eu ali pendurada, começando a achar que não iria suportar tanto sofrimento e então morreria, caso não viessem me soltar depressa, pois estava começando a ficar inchada...

Não sei quanto tempo fiquei ali, até que, em determinada manhã, a madre superiora me trouxe comida e água num pote. Eram batatas estragadas, dentro de uma panela. Ela colocou a comida e a água sobre uma prateleira, de modo que eu as pudesse ver, mas não pudesse alcançá-las... Então falou: “Esta comida é sua” ... e eu fiquei na mesma... Ela se foi e eu fiquei mais faminta e torturada do que antes... Fiz tudo para alcançar a comida... Morria de fome a achava que iria enlouquecer...

Fiquei nove dias e nove noites pendurada ali, na mesma posição, e tão inchada que meus olhos pareciam querer saltar das órbitas. Meus braços estavam insensíveis e pareciam ter mais do dobro do tamanho normal... Eu me sentia como uma bolha, sofrendo demais... A morte seria um alívio...

Rotina Diária


Ainda me lembro do que sofri, enquanto vivi naquele lugar. Levantávamos às 4,30 hs da manhã. Quando a madre superiora tocava o sino, tínhamos apenas cinco minutos para ficar prontas. Nem um minuto mais. Falhei uma vez e fui severamente castigada por causa disso. E nunca mais ousei falhar, nos 22 anos que ali passei... Depois de vestidas, começávamos a marchar, atrás da madre superiora e de outras madres, e esta ia nos apontando o dever de cada manhã. Pode ser extenuante, como lavar e passar roupa... Tem de ser pesado. Trabalhávamos durante uma hora e em seguida nos reuníamos ao redor da mesa e diante de nós estava sempre aquela xícara de café preto e uma fatia de pão. Depois do café, mais trabalho pesado... Lavávamos a roupa numa tina velha e a água era aquecida com um aparelho de metal colocado no fogo do fogão... Vez por outra os padres traziam grandes trouxas de roupas velhas que eles recebem de graça e as deixavam ali, as quais usávamos, até que se desmanchassem. Era duro demais e muitas freiras não conseguiam executar o serviço porque estavam subnutridas no corpo, na mente e na alma, ao mesmo tempo. Essas pobres coitadas continuam vivendo ali dentro, sob essas terríveis circunstâncias. Elas são mulheres apátridas, sem nome e sem rosto... Perderam todos os seus direitos humanos... São apenas escravas do papa... Tudo que os hierarcas quiserem fazer contra elas poderão faze-lo. Por mais que elas gritem ninguém vai ouvi-las e por isso elas não têm a menor idéia do que poderá acontecer-lhes no dia seguinte, enquanto estiverem ali no convento... Os hierarcas também não imaginavam que um dia Deus me libertasse daquele antro. Seu plano era que eu ali permanecesse, ali morresse prematuramente e fosse ali mesmo sepultada [Enquanto eles se apossavam da herança dos pais de Charlotte, quando estes falecessem].

Se alguém me perguntar se pode entrar num convento, respondo que sim. Qualquer pessoa pode entrar ali, quer seja um convento aberto ou um claustro, mas não vai passar do parlatório e até pode visitar a capela exterior... Mas não tente passar dali, porque não vai ter permissão... Quando as mães levam alimento para as freiras, não podem ver os seus rostos e apenas falam com elas, através do orifício de um portão de ferro, onde as moças ficam ocultas, enquanto a madre superiora fica por trás, a fim de checar se a feira vai falar algo de mais, e se ela o fizer (o que jamais acontece) vai ter de encarar o mais terrível dos castigos... Vamos dar um exemplo: quando a mãe indaga se a filha está se sentindo feliz ali dentro, ela sempre responde: ”Sim, mãe, estou muito feliz aqui!” E assim prossegue a tragédia do dia a dia, naqueles antros de prostituição católica, disfarçados sob o nome de claustros. [Ali, nos conventos do papa, as freiras perdem todos os seus direitos, são humilhadas, são massacradas pelos padres bêbados e sádicos e ainda sofrem castigos tenebrosos das madres superioras. Isso que dizer que o papa é o mais terrível cafetão do universo! Com aquele sorriso idiota ele vive percorrendo o mundo, a fim de enganar os tolos, que se dobram aos seus pés, achando que ele é realmente o vigário de Cristo na terra, ignorando que o legítimo Vigário de Cristo na terra é o ESPÍRITO SANTO!]


Trabalho na lavanderia


Aqui estamos, a madre superiora e eu, na lavanderia, para a lavagem da roupa. O chão é de cimento bruto. É ali que as freiras fazem esse trabalho pesado. Enquanto isso, a água vai escorrendo pelo chão e a sujeira é demais. Chapinhamos dentro da lama. Então chega a madre superiora, meio furiosa, e me deixa apavorada. Cada vez que a vejo, tenho certeza de que uma de nós vai ser barbaramente castigada. Ela sabe disso. Sabe que é cruel e tem um coração empedernido, por isso todas nós a tememos muito... Esfregamos a roupa suja com mais energia, temendo o que poderá nos acontecer... De repente, ela me olha e fala: “Venha cá”. E prossegue, com aquele olhar de pedra: “Ajoelhe-se e comece a lamber o chão”. O chão é de cimento, está imundo, porém eu me ajoelho, enquanto ela se diverte com a minha posição. Se eu demonstrar que não estou gostando do castigo, logo ela irá perceber e então ordenará que eu fique lambendo aquele chão, dez ou vinte e cinco vezes. E na manhã seguinte ela poderá voltar e exigir o mesmo sacrifício. Minha língua já está sangrando, mas, mesmo assim, serei obrigada a lamber aquele chão novamente... Afinal sou apenas uma escrava do papa! Ela sempre usa esse processo para nos fazer rastejar. Ela e os padres sempre nos obrigam a rastejar muitas vezes na nave da igreja, para cima e para baixo, a fim de satisfazer os seus sádicos instintos...

É pena que nós, as freiras católicas, não conheçamos o verdadeiro Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. E por isso nos sujeitamos a essas coisas.

Às vezes a madre superiora vem até a porta de nossas celas. Dentro delas não existe coisa alguma, além de uma estátua da Virgem Maria com o Menino Jesus no colo, um crucifixo e um estrado com degraus, sobre o qual nos ajoelhamos, todos os dias, para orar... Do degrau de cima descem dois fios de arame farpado. Eu disse que queria sofrer, mas ajoelhar-me sobre esse arame farpado é sofrimento demais. Ajoelho-me ali para orar pela humanidade perdida, supondo que minha avó está sofrendo nas chamas do purgatório e poderá ser libertada mais depressa em razão do meu sofrimento. Por isso, algumas vezes, fico mais tempo ajoelhada... Isso é terrível, porém não conhecemos nada melhor...

Ficamos trancadas nas celas, todas as noites. Não podemos nos levantar e nem sair dali... Geralmente dormimos a partir das 9,30 hs da noite, quando as luzes são desligadas. E acordamos para cantar hinos, de meia noite até uma hora da manhã. Algumas freiras são encarregadas de passar a chave em nossas portas. Dormimos pouco tempo porque comemos pouco, trabalhamos muito e sofremos demais... E vamos perdendo paulatinamente as forças, depois de permanecer alguns anos ali dentro do convento.


Perdendo a Fé



Eu fazia tudo o que me ordenavam. Todas nós somos persuadidas a crer que, quando derramamos o nosso próprio sangue, como através daquela flagelação que eu havia sofrido, quando torturamos e atormentamos o nosso corpo, ganhamos um crédito de 100 dias no fogo do purgatório. Pior é que o tempo que teremos de passar lá é tão longo que isso não nos dá consolo algum. Somos pessoas completamente sem esperança... Depois de ficar dez anos no convento eu comecei a descobrir que a imagem da Virgem Maria não passava de uma peça de metal, que era apenas uma estátua... Vi também que a estátua de S. Pedro e de Jesus eram a mesma coisa... Apenas peças de metal, sem poder algum, e comecei a achar que o nosso Deus ainda está morto e pregado naquela cruz. Depois de tanto sofrimento, de ter me ajoelhado diante dessas imagens, vertendo tantas lágrimas e lhes pedindo para intercederem por mim, levando minhas orações até Deus, e os anos passando, sem resposta alguma, comecei a raciocinar: “Ora, se meus pais morrerem, como eu vou saber? Se eu morrer, como eles vão saber? Então não poderemos retirar nossos pais do purgatório com as nossas orações... E foi assim que, depois de alguns anos, pude chegar à conclusão de que o purgatório não existe.. E que o único purgatório real para o povo católico é encher os bolsos dos padres, que prometem orar pelos seus entes queridos já falecidos.

No mês de novembro, milhares e milhares de católicos, aqui nos USA, há dois anos atrás, já rendiam aos padres católicos romanos, pelas missas rezadas em favor dos defuntos, cerca de 22 milhões de dólares, isso em apenas um mês... [Calculem o que esses padres faturam durante o ano inteiro! Por isso é que a ICR enriqueceu tremendamente, dentro de apenas cinqüenta anos, nos USA. E hoje ela é sócia majoritária de todas as multinacionais, bancos internacionais, companhias de serviços públicos, controlando todos os serviços de saúde, educação e imigração, dominando a Marinha Americana... enfim, ela é dona do pais inteiro, segundo Eric Jon Phelps e Avro Manhatttan].

No convento existe um quadro do purgatório, ao redor do qual as freiras são obrigadas a andar. Seus rostos ficam apavorados, quando contemplam essa pintura, a qual exibe um abismo em que as almas se retorcem dentro das chamas que lambem os seus corpos. Então a madre ensina o seguinte: “É melhor aceitar todas as penitências... Aquelas pobres almas estão suplicando para sair dali...” E como somos todas pagãs, não conhecemos nada melhor. A gente até pensa em sair pelo convento e queimar o corpo inteiro e em verter mais sangue, porque sofrendo mais poderá retirar mais depressa os seus entes amados das chamas do purgatório...

O purgatório é a maior fraude do mundo,. Os padres sabem muito bem que esse lugar não existe... Só que ele rende muito dinheiro... Creio que se as abomináveis mentiras da missa e do purgatório fossem retiradas da teologia católica, a ICR logo iria à falência, pois noventa por cento do seu fabuloso lucro provém dessas duas fraudes... A ICR faz comércio com os vivos e mais ainda com os mortos... É assim que ela enriquece tanto.


Os padres


Muitas vezes acontece da madre superiora apanhar uma daquelas meninas, quando os padres chegam ao convento, disfarçados de confessores... Uma vez por mês somos obrigadas a confessar-nos. Muitas vezes fiquei no final da fila, pois detestava fazer isso. (Não conhecia quem era o homem que estava ali nos esperando, só sabia que ele era um padre). Agora eu conheço qualquer padre que encontro na vida, mesmo que ele esteja usando roupas seculares. Já os vi demais. Vivi demais naquele antro. Estive em contato com todos eles. Não confiava em nenhum daqueles padres que entravam no convento... Sei muito bem o que acontecia naquela câmara de confissão. Uma confissão pode levar um dia inteiro... O padre chega e todos eles sempre trazem uma garrafinha de bebida alcoólica no bolso da batina... Ele fica ali no confessionário, mas... Depois ele vai se transformar num animal irracional e, então, ai da pobre coitada que lhe ficar ao alcance da mão... Ali na câmara de confissão existem apenas uma imagem de Maria e um crucifixo, além de uma cadeira de espaldar reto e duro, que fica no meio da sala, onde o padre se senta para ouvir as confissões... A freira precisa chegar ali e se ajoelhar diante dele... Agora que estou salva e fora do convento, olho para trás e vejo aquele padre católico, enquanto vou pensando: “Tenho certeza de que ele era um irmão gêmeo de Satanás, cheio de pecado, de vício e de corrupção”.

Quem ali chegava deveria se dar por muito feliz, se não saísse, depois, completamente destruída. Ele estava embriagado, era apenas um animal feroz disfarçado em trajes sagrados. Era um padre católico romano ordenado, mas, mesmo assim, todas nós o temíamos, quando chegávamos perto dele, a fim de cumprir a nossa obrigação mensal da confissão...

Infelizmente aquelas meninas não conhecem nada melhor do que a religião do papa... Elas ignoram o maravilhoso plano de salvação. Não sabem que Jesus Cristo foi ao Calvário, ali derramou o Seu precioso sangue e nos salvou de todos os nossos pecados e somos completamente salvos quando cremos nesta verdade e aceitamos o Seu sacrifício como total e suficiente.

Muitas vezes os padres chegam ao convento e a madre superiora lhes permite entrar nas celas das freiras. Aquela madre de mente carnal e endurecida já deve ter dado uma porção de filhos aos padres, os quais foram todos assassinados, como continua acontecendo com os bebês das freiras que dão à luz... Muitas vezes ela e o padre obrigam as moças a ingerir bebida alcoólica, junto com eles... Então a madre superiora conduz o padre até a cela de uma jovem... Ele tem um físico avantajado, pois come três fartas refeições diárias. Enquanto isso, a freirinha tem o corpo alquebrado por causa das torturas, do trabalho pesado e da falta de alimento... Com qual propósito aquele padre entrou ali na cela da moça??? Claro que foi somente para destruir a pobre freirinha [Por isso tantas freiras enlouquecem ali dentro e são atiradas no calabouço, apodrecendo e morrendo ali mesmo, quando já não podem servir aos objetivos da madre e dos padres corruptos].

Eu sempre digo que gostaria muito que o governo pudesse entrar num desses conventos, na hora em que aqueles padres estão agindo dentro das celas. Quando eles entram lá, a madre superiora passa a chave na porta, deixando-nos trancadas lá dentro, junto com aquele padre... Não temos qualquer meio de defesa... (Muitas vezes tive de cuidar daquelas meninas, pois tinha o curso prático de enfermagem, feito quando eu estava no convento aberto...). Quando o padre sai da cela e observamos o corpo da freirinha, ele mais se assemelha a alguma coisa que havia sido atirada num chiqueiro e sobre o qual uma porção de porcos havia passado... É isso que acontece naqueles conventos de clausura... Por isso é que os padres ficam sempre telefonando para mim, com medo do testemunho que estou dando... Não tenho medo deles e vou continuar dando o meu testemunho, mesmo que todos os padres e bispos deste país se coloquem contra mim. Sou uma filha de Deus e eles não poderão colocar suas garras sobre mim, enquanto eu não tiver terminado esta obra para a qual Deus me chamou... Por isso é que Ele me fez sair daquele convento... Para expor os abusos da hierarquia romana...

Certo dia eu fui submetida a uma tortura pior do que todas as que já havia sofrido antes... Esta perdurou muitas horas e quando saí dali, sem pão e sem água, cheia de picadas de percevejos e apavorada com o barulho dos ratos correndo dentro aposento...


Gravidez indesejada


Muitas vezes o padre chega e fica aborrecido, quando nos recusamos a pecar, voluntariamente, junto com ele. Depois de algum tempo os corpos das freiras ficam massacrados... Eu mesma perdi um dente da frente por causa de um tapa que um deles me deu...Muitas vezes suas vítimas são atiradas ao chão e eles socam o estômago delas, mesmo que estejam grávidas. Algumas estão esperando filhos deles, mas nenhum se preocupa com a mãe e muito menos com o bebê, que vai nascer... De qualquer forma o inocente será assassinado, logo após o nascimento... Já pensaram no escândalo se o mundo soubesse que nascem tantos bebês ali dentro dos conventos de clausura? Nenhum padre neste país deseja que isso aconteça, pois eles não querem que o mundo saiba da verdade e, portanto, têm o maior cuidado, a fim de que ninguém possa escapar do convento e contar a verdade aqui fora...

Contudo, Deus é maior do que todas as forças do mal. Ele pode estender a mão sobre esses conventos, aqui e noutros países, e permitir que essas moças saiam dali, sem precisar da licença dos bispos nem do papa... Deus não precisa da ajuda dos seus “vigários” para fazer cessar o mal... Um dia esses hierarcas hão de pagar por todos os crimes cometidos contra as freiras inocentes. Vamos aguardar...

Muitos dos bebês que nascem no convento são prematuros ou anormais... Fiz muitos partos lá dentro e desafio o mundo inteiro a dizer que estou mentindo. A única maneira que a hierarquia romana pode encontrar de me calar será dando ordens para que os conventos sejam abertos. E isso os hierarcas jamais vão ter coragem de fazer... Se um dia me processarem, os conventos terão de ser escancarados para conseguir provas... Ainda existe lei neste país... Mesmo assim não tenho medo de dizer tudo isso e muito mais... Fui prisioneira do sistema católico durante os 22 anos que passei trancada no convento, onde tudo é simplesmente tenebroso...

Quando a freirinha está esperando um bebê, não sente a mesma alegria das mães normais, que preparam tudo com o maior carinho para a chegada do filho... Ela jamais terá o filho ao seu lado...Jamais lhe dará um banho, pois ele só poderá viver 3 a 4 horas após o nascimento... Então, a madre superiora o matará asfixiado com um travesseiro e a vida dele se esvairá... Por isso é que são construídos aqueles fossos cheios de limo... para receber os corpinhos dos bebês inocentes. Eles são atirados lá dentro, depois que os seus corpinhos são cobertos com um produto químico corrosivo... É assim que eles terminam... [A fim de preservar a aura de “santidade” dos seus “papais”, os padres católicos]. Pelo amor de Deus, orem, orem muito em favor dessas pobres freiras abandonadas à própria sorte, dentro dos conventos católicos. Orem para que os conventos dos USA sejam abertos, como aconteceu com os da antiga cidade do México, em 1934. [Tudo que a Irmã Charlotte conta aqui foi realmente descoberto nos conventos mexicanos, quando entrou o governo socialista do General Plutarco Calles (1924-1935), o qual introduziu grandes reformas sociais. Ele mandou abrir as portas dos conventos mexicanos e expôs toda a barbárie que acontecia lá dentro. Não traduzi esta parte por ser longa e cansativa demais. Cada visita a um dos calabouços dos conventos custa em média 25 centavos de dólar. Nunca estive no México, mas meu marido lá esteve e me contou ter visto coisas de arrepiar, quando visitou esses museus mexicanos. Quem desejar conhecer bem do que é capaz o Catolicismo Romano, quando detém o domínio político e religioso de um país, leia o livro de Avro Manhattan “O Holocausto do Vaticano”, por mim traduzido e cuja apostila tenho à disposição dos interessados, pelo preço de R$20,00. Avro foi o maior pesquisador e historiador do Vaticano no século XX, sobre o qual escreveu 20 livros e por isso foi muito perseguido].



A Execução



Imaginem como vocês iriam se sentir, caso tivessem filhas dentro do convento... Lembro-me que meu pai e minha mãe também tinham uma filha e como eles me amavam... exatamente como vocês amam os seus filhos. Quando eles me deixaram entrar no convento não imaginavam que as coisas fossem assim. Não imaginavam um convento desse tipo. Pensem numa de suas filhas andando sobre o piso de um quarto, no qual existe um botão que é apertado, para lá em baixo ser atirada uma freira que tenha praticado algum ato de desobediência. Nem posso lhes contar o que ela fez porque não estava lá na hora do “crime”. Só que para eles deve ter sido muito grave. Porque eles a carregam até aquele lugar, de pés e mãos atados, e mandam que seja atirada dentro daquele fosso horrível, cuja tampa logo será fechada novamente... depois de um ritual macabro. O fosso está cheio de limo e de produtos químicos corrosivos. E então eles ordenam que a jovem seja atirada ali dentro. Em seguida, seis freirinhas ficarão rodeando o fosso aberto, entoando cânticos para afastar os maus espíritos, aspergindo água benta sobre o mesmo. Esse tenebroso ritual perdura seis horas e, durante o mesmo, as freiras são rendidas por outro grupo de seis e depois por outro grupo, sempre cantando e atirando água benta sobre o fosso, até que seja ouvido o último gemido da vítima, cujo corpo está sendo corroído pelos ácidos. Essa menina jamais sairá do convento... Será que isso não incomoda vocês?

Isso me incomoda demais... Nesse tempo eu ainda não conhecia Jesus e, portanto, não tive oportunidade de falar Dele àquela menina. Sei que Deus não vai requerer de minhas mãos o sangue dela porque eu mesma ainda não O conhecia. Reflitam nisso... Aqui estamos com o cadáver de uma das freirinhas. E nesta exata manhã a madre superiora havia falado: “Vamos todas entrar aqui na fila”. Não sabemos ainda para que.. Somos dez a quinze moças, e a madre nos ordena que todas nós nos desnudemos e temos de obedecer. Claro que não temos uma boa aparência. Nossos olhos estão fundos, nossos queixos caídos e nossos corpos desgastados... Só Deus sabe como estamos, visto como há anos não nos temos visto ao espelho... eu há uns 22 anos. Não sabia se meus cabelos já estavam grisalhos, se tinha rugas no rosto, nem mesmo sabia qual era a minha idade, pois há mais de seis anos havia perdido a conta dos anos. Nenhuma de nós tinha a menor idéia de sua aparência.

Bem, aqui estamos em fila, completamente nuas, quando chegam dois ou três padres católicos romanos, cada um deles com a sua garrafinha de álcool na cintura. Eles ficam observando as moças nuas, enquanto decidem qual delas cada um vai escolher, a fim de levar para a cela. Isso não acontece nos conventos abertos, somente nos claustros... Na cela, os padres usam e abusam de suas vítimas, fazendo o que bem desejam, e ninguém vai impedir. Todas nós somos apenas escravas do papa...Quem será por nós? [Depois de um desses encontros amorosos... o corpo da freirinha foi atirado ao fosso... Meu Deus, que coisa horrível!]

O absurdo é que, no dia seguinte, esses mesmos padres chegam às suas igrejas, rezam a missa e atendem os “pecadores” no confessionário, deixando os católicos acreditarem que ele pode perdoar-lhes os pecados, quando eles mesmos estão cheios de pecado. Cheios de corrupção e de vícios e, mesmo assim, desempenhando o papel de Deus... Isso é terrível demais!


Uma conspiração de morte


Bem, eu continuava vivendo ali, sabendo que tudo iria continuar na mesma e como vocês acham que estava me sentindo? Não sabia que as pessoas podem guardar tanto ódio e amargura no coração. Eu estava cheia de amargura e de ódio fervilhando dentro de mim. Pensava sempre: “Ah, se eu pudesse pegar a madre superiora num lugar afastado, para dar-lhe um fim!” Não é terrível a gente se tornar uma assassina mental? Eu não era assim, quando entrei no convento, contudo comecei a bolar um plano para liquidar a madre superiora e também um daqueles padres... E fui levando.Cada vez que ela me infligia uma pena e eu tinha de sofrer tão cruelmente, e quando voltava a mim, começava a bolar um plano de acabar com aquela mulher...

Agora a madre aqui está para me obrigar a sentar numa cadeira de espaldar reto e áspero, toda cheia de ódio, me obrigando a retirar o véu, para ficar com a cabeça descoberta. [Existem dessas cadeiras em Rottenburg, Alemanha, no Museu do Crime, o qual exibe instrumentos de tortura da Idade Média, os quais ainda hoje a ICR continua usando em segredo, apesar daquele sorriso amistoso que o papa exibe no mundo inteiro]. A madre me prendeu nessa cadeira, depois de amarrar o meu pescoço com uma grossa meia, a fim de imobilizar-me. Fiquei exposta a uma goteira, que ia pingando sobre o meu desprotegido couro cabeludo. A água ia caindo, gota a gota, numa contínua e interminável repetição. [Só faltou ali um pano de fundo musical com o Bolero de Ravel, que os nazistas costumavam usar para enlouquecer as suas vítimas] Passaram-se uma, duas, três, quatro horas, e eu ali sentada, imóvel e desprotegida. Eu faria tudo para escapar daquela tortura, que às vezes pode durar dias e noites, quando, em alguns casos, a freira perde a razão, ali mesmo, sob esse tipo crucial de penitência. E quando isso acontece, o que fazem com ela? Ora, eles têm aqueles lugares preparados especialmente para elas... E tudo isso vai se repetindo sempre e sempre... [Até que o Senhor Jesus Cristo venha destruir essa Babilônia infernal!]

É por isso que muitas de nós começamos a bolar um plano para matar aquela mulher, cada vez que ela se diverte à custa da nossa desgraça.

Foi então que, certo dia, a madre adoeceu gravemente. Logo começamos a nos indagar: “Que vai ficar no lugar dela?” Existem três ou quatro freiras idosas e os padres sempre escolhem a mais sádica dentre elas... Eles sempre preferem uma dessas... Aconteceu que mandaram me chamar para tomar conta da enferma. E imediatamente comecei a pensar: “Se eu for tomar conta dessa mulher, sei muito bem o que vou fazer com ela”. Afinal de contas sou apenas uma grande pecadora... Sou uma freira cheia de pecados, não conheço a misericórdia de Deus, estou cheia de ódio no coração... e foi assim que entrei naquele quarto. Eles haviam chamado um médico católico romano. Ela estava muito doente e o médico havia deixado ali todas as prescrições e os medicamentos. Eles pensam que eu vou cuidar bem dela e isso é bom demais! Cuido bem dela... O dia inteiro fiz tudo que me recomendaram fazer... Mas aqueles tabletes especiais estão ali à mão... Eu sabia muito bem para que eles serviam, para que ela os estava tomando.... Passei o dia inteiro dando-lhe os medicamentos prescritos e assim continuei a noite inteira. Por que? Porque precisava agir com calma, ser bastante cautelosa quando fosse executar o meu plano. Teria de esperar até uma hora da manhã, quando as freiras, depois de cantar os hinos, entre meia noite e uma hora da manhã, voltariam para as suas camas... Aí então eu poderia agir. Dissolvi cinco ou seis tabletes num pouco d´água e os empurrei pela garganta da madre superiora. Sabia que dentro de poucos minutos ela entraria em convulsão e isso iria deixá-la completamente exausta, sofrendo milhões de mortes, em apenas 25 minutos. Eu sabia disso e pensei: “Vou ficar observando o sofrimento dela, por causa dos castigos que ela nos tem infligido... Ela nos massacrou milhares de vezes e por isso quero vê-la agonizar no sofrimento”.

É doloroso pensar que uma criança entra num lugar assim e fique lá tanto tempo, para adquirir uma mente assassina quase igual à da madre superiora. Contudo isso acontece, quando o pecado entra em nossa vida... Fiquei ali esperando... Depois que dei os tabletes, comecei a entrar em pânico, quando olhei para aquela mulher e vi que ela estava perdendo a cor, já não tinha pulso e quase não respirava. Fiquei apavorada e me indaguei: “O que foi que eu fiz? Quando a encontrarem morta, só Deus sabe o que vai me acontecer!”... Peguei uma bomba vomitória e comecei a bombear o estômago da mulher, massageando o mesmo. Fiz tudo que era possível e, felizmente, ela sobreviveu. Agradeci a Deus. Fiquei ali sentada ao lado dela, segurando-lhe a mão e observando-a atentamente, até que a respiração e o pulso se normalizaram e me certifiquei de que ela iria sobreviver.

Então pensei em fazer outra coisa e comecei a agir... As chaves dela estavam ali sobre a prateleira do quarto. Estavam penduradas numa grossa corrente, dentro de uma argola enorme e bem forte, e eu pensei: “Vou apanhar essas chaves e descer até o calabouço”. Eu havia estado lá e sabia que ficava no subterrâneo, dois pisos abaixo do quarto. Queria ver aquele lugar contra o qual ela sempre nos advertia. Havia uma parede compacta e lá no final, um portão pesado, a respeito do qual ela havia nos advertido assim: “Nunca se atrevam a cruzar esse portão!”


Uma tenebrosa descoberta


O que existiria ali e por que ela sempre nos dizia para não cruzar aquele portão, o qual estava sempre trancado? Eu queria saber. Porque certa vez, quando ela me trancara no calabouço, durante muitas horas eu havia escutado gemidos que pareciam vir dali. Eram gemidos de cortar o coração e eu sabia que havia algumas moças trancadas em algum lugar, ali perto. Foi muito difícil encontrar a chave exata... Entrei num imenso hall e no final do mesmo descobri uma porção de celas, muito pequenas, cujas pesadas portas estavam trancadas e dentro delas havia uma porção de freirinhas. Quando me aproximei de uma delas, notei que a porta estava trancada com uma grossa barra de ferro, olhei para o rosto daquela moça e vi que era conhecido, pois havíamos tomado café, uma em frente à outra, e até havíamos orado juntas na capela... Ali estava ela, presa pelos dois pulsos e pela cintura, com grossas correntes de ferro. Então eu lhe perguntei quando fora a última vez em que alguém lhe trouxera comida e água. Nenhuma resposta. Mais uma pergunta: “Há quanto tempo você está aqui?” Nenhuma resposta... Fui até a segunda, a terceira, a quarta e a quinta prisioneira, mas não obtive resposta alguma. O mau cheiro era insuportável e não pude mais ficar ali. Aquelas moças jamais iriam falar, porque ninguém pode falar no convento... Ele é provido de fios e quando se dá um pio, logo sofre uma severa penalidade. Suponho que aquelas meninas haviam sido trancadas a ferro, ali no calabouço, provavelmente porque haviam perdido a razão...[Provavelmente, depois de sofrer tantos maus tratos e humilhações nas mãos dos padres, poucas freiras teriam a capacidade de continuar mentalmente equilibradas. Imaginem que isso acontece nos USA, o país mais desenvolvido, mais rico e mais democrático do Ocidente... E aqui no Brasil, será que não acontece muito pior? Não seria o caso da Polícia Federal investigar o assunto?].

Ao sair dali, subi para o quarto da madre e vi que ela estava profundamente adormecida. Então pude colocar as chaves de volta ao lugar. Ela dormiu até o dia seguinte e quando despertou disse: “dormi um sono profundo!”. Concordei e fiquei tomando conta dela por três dias ainda... Já pensaram no que me aconteceria, se ela tivesse descoberto o meu “crime”?



Um plano desesperado


Depois de ter sido substituída na cabeceira da freira, eles me puseram na cozinha. Em geral o período na cozinha dura seis semanas. Fiquei ali junto com cinco freiras e fazíamos todo o serviço culinário. Na saída da cozinha havia um negro portão e antes dele, uma mesa onde cortávamos as verduras para a sopa. Foi quando aconteceu algo inesperado... A cozinha era muito ampla, mais em comprimento do que em largura. Na parte final da mesma havia um corredor e também uma escada que dava para um terreno, onde ficava o latão de restos de verduras, e mais um portão que dava para outro terreno. Os latões ficam ali onde existe uma escada que dá para o andar subterrâneo, pois a cozinha fica no primeiro andar. Estávamos trabalhando quando aconteceu algo inesperado. Ouvimos um ruído no latão das verduras. Não nos era permitido fazer ruído algum, ali no convento... Mas ouvimos um ruído... Fomos até lá e vimos um homem esvaziando o latão de restos... Achei que Deus estava me estendendo a Sua mão...Fugimos depressa, pois era pecado mortal olhar para outro homem que não fosse um padre católico romano. Havíamos fugido em disparada, mas fiquei pensando: “Se esse homem voltar aqui para esvaziar outro latão de restos, eu vou entregar-lhe um bilhete, perguntando se ele me deixa fugir em sua companhia”. Contudo não o fiz... Quando saímos da cozinha existe um lápis pendurado numa corrente e precisamos escrever numa tabuinha. Furtei um pedaço de papel, guardei-o no bolso da camisa e sempre que eu agarrava aquele lápis, ia escrevendo uma ou duas palavras no meu papel. Fiz isso, embora tenha levado uma eternidade para concluir minha escrita e, enquanto isso, eu continuava a observar o latão de restos. Sempre que levava os restos ao latão, eu estudava cada detalhe. E quando o latão já estava quase cheio, eu pensei: “amanhã ele fica cheio e quando eu for colocar os restos de verduras, deixarei um bilhete perguntando se o homem me permite fugir junto com ele.” Naquela tarde quebrei de propósito o meu crucifixo, o que foi bem difícil, porque estava sendo observada. Mas eu fiz isso porque ele me daria ensejo de voltar à cozinha, quando o serviço terminasse, o que não nos era permitido fazer. Quando saíamos da cozinha precisávamos desfilar diante da madre superiora. E quando estávamos fazendo isso, naquela tarde, perguntei: “Posso falar com a Sra?” E quando ela mo permitiu, eu disse: “Quebrei o meu crucifixo e o deixei na cozinha. Posso ir lá apanhar?” (Nenhuma freira podia ficar sem o crucifixo). Ela quis saber como eu o havia quebrado e inventei uma mentira... Ela então falou: “Vá pegar o crucifixo e não demore”. Era tudo o que eu queria. Voltei à cozinha, não para apanhar o crucifixo, como a madre pensava, mas para correr até o latão, onde havia deixado um bilhete para o homem, em cima dos restos de verduras, com o latão destampado, o que não era lícito fazer. No bilhete eu contava resumidamente os horrores que as freiras sofriam ali dentro e concluía: “Se o Sr. achar este bilhete, por favor me ajude a sair daqui... Se estiver de acordo, deixe um bilhete sob o latão vazio”...



A fuga


Quando levantei o latão e encontrei um bilhete, ninguém pode imaginar o que eu senti. Fiquei gelada de emoção, da cabeça aos pés, e ao mesmo tempo tão apavorada que nem sabia o que fazer... Peguei o papel e li: “Vou deixar o portão destrancado e também o portão de ferro, para que você possa sair”. Era muito mais do que eu havia sonhado. Jamais havia acreditado que um dia eu poderia fugir do convento. Jamais! Resolvi fugir e o primeiro portão logo se abriu. Saí do convento, após tê-lo fechado por fora. Então corri até o outro enorme portão de ferro e vi que ele estava completamente trancado. Fiquei ali, parada e apavorada, olhando para aquele portão, e agora trancada na parte de fora do convento. Havia perdido todo o direito de continuar viva... Dei um gemido, não sei...Meu pavor era mortal. Se eu voltasse para lá, o que eles iriam fazer comigo? Meu coração quase parou de susto... eu estava completamente descalça. Há anos não usava sapatos nem meias. Quando penso que a ICR é a igreja mais rica do planeta e os padres obrigam as freiras a andar descalças e sem roupas íntimas de proteção, quer seja verão ou inverno, deixando-nos viver na maior penúria, eu fico horrorizada. Porque enquanto as freiras morrem de fome, os padres engordam e ficam cheios de vitalidade... para abusar das coitadas.

De repente resolvi pular aquele enorme portão e logo me preparei para fazê-lo. Era muito difícil porque havia hastes pontiagudas no topo do mesmo, e eu usava roupas longas, que na certa iriam me atrapalhar... Fiz inúmeras tentativas... Foi um sufoco. Tive de enrolar as roupas na cintura, prende-las com uma das mãos, após ter constatado que não tinha forças para escalar aquele portão, de modo algum... A aventura foi dolorosa, demorei alguns minutos fazendo mil e uma tentativas e estudos de como pular dali, e acabei me atirando no ar, com o risco da própria vida... Infelizmente as roupas ficaram presas no alto do portão e fiquei flutuando no ar... Fiz um esforço gigantesco e então caí no chão, quebrando um braço e o ombro direito, com fratura exposta, tendo ficado alguns minutos desacordada... Depois voltei a mim e...



Em busca de socorro


Tendo recuperado a consciência, eu pensei: “O que vou fazer agora?” Estava livre, e me indaguei: “Para onde eu vou?” Sabia que não estava nos USA. Estava noutro país, sobre o qual nada sabia. Quando me trouxeram até aqui eles me cobriram a cabeça com um espesso véu e eu nem podia enxergar. Não sabia onde estava, nem para onde ir... Nem sabia se ainda possuía algum parente neste mundo. Eu só queria ficar longe do convento e por isso comecei a correr para bem longe dali. As folhas estavam caindo e eu fazia muito barulho na corrida, mas continuei fugindo, fugindo, até que a escuridão me envolveu completamente. Andei rastejando em busca de alguma casinha de cachorro, de algum galinheiro onde pudesse passar a noite... Ia rastejando e tremendo de pavor... Aí me deitei um pouco, a fim de pensar melhor: estava escuro mas, mesmo assim, eu precisava continuar e foi isso que fiz, durante toda aquela noite e durante todo o dia seguinte. Depois me escondi atrás de uma pilha de tábuas e madeiras, perto de um velho edifício. Fiquei ali escondida o dia inteiro, embora fizesse muito calor. Meus ossos estavam quebrados.. Só eu sabia como era deplorável o meu estado físico...

Quando caiu a noite, tive de partir, tentando me distanciar mais e mais do convento. Pensei em bater à porta de alguém, mas tive medo. Ficava apavorada só de pensar que iria bater à porta da casa de algum católico romano. Então ele depressa iria chamar um padre e este me levaria de volta ao convento, onde eu seria definitivamente eliminada, após ser atirada naquele fosso... E fui andando, até que no terceiro dia comecei a ficar apavorada, quando notei que o braço e a mão estavam ficando azulados... Princípio de gangrena... Eu tinha de carregá-los com a outra mão... A sensação era horrível. Achei que ia morrer como um rato, ali, à margem daquela estrada... Então resolvi enfrentar a morte mais depressa e fui bater à porta de alguém...

Andei mais algum tempo, até avistar uma lâmpada piscando. Vi uma casa muito pobre e sem pintura. Bati na porta da frente e logo um homem veio me atender. Ele parecia idoso e pedi: ”Por favor, me dê um pouco d´água”. Ele não me fez qualquer pergunta, entrou em casa e logo veio uma mulher com jeito maternal e me convidou a entrar. Era a esposa dele. Ela não perguntou quem eu era nem o que desejava. Graças a Deus ainda existem pessoas boas neste mundo. Ela puxou uma cadeira e me fez sentar ali. Sua voz era a música mais linda que eu escutava em tantos anos de sofrimento. Sentia-me feliz e reconfortada ali, junto daquela bondosa mulher. A casa era muito pobre. O chão não tinha carpete e havia apenas uma toalha vermelha de retalhos sobre a mesa tosca, e um fogão pequeno e antiquado, que ficava bem no canto do aposento. O fogo estava aceso. Ela encheu de leite uma panela e aqueceu-o para me dar. Eu estava faminta e havia perdido as boas maneiras naqueles 22 anos de reclusão. Não sabia me comportar direito. Bebi sofregamente a caneca de leite... Contudo, meu estômago não pôde retê-lo e , no mesmo instante, vomitei todo o leite, pois fazia 22 anos que eu não tomava esse alimento. Contudo, ela não se abalou e logo encheu outra panela com água, aqueceu-a e nela colocou açúcar e ma trouxe para beber. Tomei tudo às colheradas que ela me dava (como se eu fosse um bebê) e achei uma delícia. Estava me sentindo reconfortada. Então ela me falou: “Agora me conte quem é você e de onde veio”. Comecei a chorar e falei: “Fugi do convento e não voltar para lá” Ela quis saber o que me havia acontecido e eu lhe contei tudo sobre a fuga, a fim de explicar o motivo dos ferimentos, enquanto tinha o braço e a mão quebrados, repousando sobre a mesa... O marido chegou...


O Médico



O marido dela chegou, olhou para mim e falou: “Preciso chamar um médico”. Fiquei histérica, levantei-me e quis fugir, mas eles não mo permitiram. Ele disse: “Espere um minuto. Não vamos lhe fazer mal algum. Você está ferida e precisa de socorro médico”. Eu disse que não tinha dinheiro nem parentes ali, não poderia pagar um médico e estava na maior penúria. Mas ele insistiu em chamar um médico e montou num cavalo, saindo a galope. O médico chegou de carro, antes dele. Antes de sair, aquele homem me havia garantido que ele e o médico não eram católicos romanos. Quando o médico chegou, ficou me olhando e andando ao meu redor, suando de preocupação e parecendo revoltado. Quando parou, olhou para mim e disse: “Preciso levá-la, agora mesmo, para um hospital”. Gritei apavorada, dizendo que não queria ir. Ele me segurou gentilmente a mão e falou: “Não vou prejudicá-la. Só quero ajudá-la.” E naquela mesma noite ele me levou para o hospital, onde eu soube que estava pesando apenas 40,5 Kg. (Agora o meu peso é 81 Kg). Fui levada à mesa de cirurgia e eles tentaram deter a inchação e inflamação do braço e da mão... Fizeram todo o possível para me ajudar...Fiquei no hospital uns 13 dias. Depois o braço começou a encolher, voltei ao hospital, eles me quebraram novamente o braço e o engessaram. Foi grande o meu sofrimento...

Um dia fui liberada do hospital, a fim de passar uns dias com aquele casal amigo. O médico até queria me levar para a sua própria casa. Meu tempo naquele hospital foi de três meses e meio, até receber alta. Voltei à casa dos meus amigos e lá fiquei um bom tempo. Até que um dia o médico voltou. Antes disso, ele havia me enviado uma carta acompanhada de um cheque, pedindo que me comprassem uma valise e roupas adequadas. Enquanto isso ele conseguiu descobrir o paradeiro de meus pais. Aquele médico era um estranho para mim e eu só posso agradecer a Deus porque ainda existem tantas pessoas boas neste mundo, sem egoísmo algum, as quais têm consciência de que o dinheiro que Deus lhes permitiu ganhar deve ser usado para ajudar os menos afortunados. Além de me enviar dinheiro, ele havia pago toda a conta do hospital. Que gesto grandioso! Recebi a valise e as roupas e quando ele chegou me levou até o trem, entregando-me aos cuidados de alguém que ele conhecia. Ele já havia localizado a minha família... Andei de trem, de ônibus, de barco, até que certo dia, sempre aos cuidados de alguém, eu cheguei ao final de minha jornada... Graças a Deus!!!


Finalmente em casa


Certo dia, anunciaram o nome da cidade onde meus pais residiam. Desci do trem e fui correndo até a nossa casa... Toquei a campainha e logo apareceu um senhor idoso, que eu não reconheci. E por não tê-lo reconhecido perguntei se ele sabia onde moravam meus pais. Ele ficou intrigado e indagou: “Que é você? Como é o seu nome?” Dei-lhe o meu nome familiar e não o do convento. Ele me olhou, viu quem era eu e exclamou: “Hooky, é você?”... Mesmo sendo meu pai, ele não me havia reconhecido. Convidou-me a entrar e fui logo perguntando se minha mãe ainda estava viva. ... Ele me levou até o quarto, onde minha mãe, inválida há mais de sete anos, se encontrava. A emoção foi tanta que naquela mesma noite adoeci gravemente e tive de ser levado para o hospital, onde permaneci mais de três meses. Meu pai pagou todas as despesas e ainda reembolsou o médico de tudo que ele havia gasto comigo. Até que um dia, quando eu já estava totalmente recuperada, voltei ao curso de enfermagem e ganhei o meu diploma. Consegui emprego num hospital particular, um hospital católico. Deus me havia permitido ir para aquele hospital porque tinha um plano a realizar em minha vida.

Certo dia apareceu por lá uma senhora, esposa de um ministro da Igreja de Deus. Achei estranho que ela viesse fazer uma cirurgia ali, quando havia dois hospitais protestantes nas redondezas... Ela morava numa cidade ali perto. Fiquei me perguntando porque ela viera se tratar ali...O médico me relatou o seu caso e logo fui preparar a mesa de cirurgia para aquela senhora. Cuidei dela com todo carinho e quando ela saiu do hospital me levou como sua enfermeira particular... Eu já havia escutado uma das orações feitas por ela e lá na sua casa eu estava escutando sempre as suas orações... Lá fiquei o tempo suficiente para ouvir suas orações e ler a Bíblia para ela. Eu nunca havia lido a Bíblia em toda a minha vida e ela precisava procurar e marcar as escrituras que devia ler. À medida que fui lendo a Palavra de Deus, Ele começou a agir em meu íntimo. Até que um dia ela me convidou para ir à igreja com ela. Fui e ouvi a pregação do evangelho pela primeira vez na vida. Voltei nas três noites seguintes e achei realmente lindo. Jamais havia escutado coisa assim. E todos os dias ela me explicava o plano de salvação e me falava de Deus, dizendo que eu precisava de Deus e de salvação. Comecei a acreditar nela...

Todas as vezes que eu chegava da igreja na companhia daquela senhora, eu dizia: “Agora a Sra. vai para a cama e eu vou descer para o andar de baixo”. Ali eu colocava a Bíblia sobre a cadeira e ficava de pé, desafiando Deus, com palavras assim: “Deus, você ouviu o que aquele pregador disse hoje?”... Você escutou cada palavra dele, não foi?... Então, se você realmente existe e se é de fato o Deus da Bíblia, e se esta é mesmo a Palavra de Deus, prove que você existe!... Eu gostaria de ser igual àquelas pessoas, e de ter o que elas têm”... E assim eu ia fazendo os meus desafios a Deus. Coloquei-O em cheque e sabia que Ele não iria me dar coisa alguma que não fosse realmente Dele. Durante 4 a 5 noites continuei com aquele desafio. Vivia em jejum... Dormia mal e perdi o apetite. Até que certa noite, voltei à igreja, sob um céu azul e claro. E quando o culto estava no meio, levantei-me do banco, acorri até o centro do púlpito e caí de joelhos diante do mesmo, gritando: “Meu Deus, perdoa todos os meus pecados”. Eu era um pecadora. Deus havia me encontrado ali, graças ao Seu maravilhoso nome... Lembrei-me de tudo que havia feito no convento. Havia roubado batatas cruas, havia furtado fatias de pão, havia falado uma porção de mentiras, havia falado mal da madre superiora... Gostaria que vocês soubessem que Deus me encontrou ali e perdoou cada pecado cometido em toda a minha vida. Glória ao Seu Santo Nome... Ele tem sido bom demais para mim. Muito bom mesmo...

Algumas noites depois daquele culto, voltei à igreja e ali Deus me curou de todas os traumas com o batismo no Espírito Santo. Jesus significa mais para mim do que todos os bens materiais deste mundo... Descobri que Ele é o melhor amigo que já conheci. Falo com Ele tudo que desejo falar e Ele não vai contar a ninguém sobre o que Lhe falei... Posso me sentar a Seus pés, todos os dias, e Lhe dizer: “Jesus, eu te amo...Jesus, eu te amo”. Posso contar-Lhe todos os segredos de minha vida... Ele é o melhor amigo que se pode ter. Ele pode salvar-nos, Ele pode libertar-nos. Ele pode libertar vocês das coisas deste mundo, tornando-os livres para que vocês possam melhor conhecê-Lo. Tenho um Deus maravilhoso a Quem amo acima de tudo...Ele é realmente a minha vida. Foi um milagre realmente maravilhoso como Ele me libertou do convento. Orem por mim. Preciso de suas orações. Estou freqüentando lugares predominantemente católicos e ainda terei de sofrer muito por Jesus, a fim de poder falar dEle às pessoas que encontro e dar o meu testemunho, a fim de que aquelas meninas sejam libertadas do convento. Então, orem por mim!”



Charlotte.



“...haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos”
(2 Timóteo 4.3)

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